Caixa de Pandora
segunda-feira, 23 de julho de 2012
domingo, 22 de julho de 2012
domingo, 15 de julho de 2012
pré-projeto (artigo): Projeto Ler é Arte: as diferentes linguagens da arte
PROJETO LER É ARTE: AS DIFERENTES LINGUAGENS DA ARTE
Sônia Maris Rittmann[1]
Resumo: Esse artigo é uma reflexão sobre as
diferentes linguagens da Arte presentes nos 10 anos do Projeto Ler é Arte.
Pretende-se aqui enfatizar o processo de ensino e da aprendizagem em artes visuais
baseado na experiência concreta do pensar-fazer-contextualizar arte em sintonia
com as vivências e poéticas pessoais dos alunos e professores.
Palavras-chave: arte, educação, ensino e aprendizagem, linguagens, leitura
INTRODUÇÃO
“Toda
linguagem artística é um modo singular de o homem refletir – reflexão/reflexo –
seu estar no mundo”.
(Miriam Celeste Martins)
O presente
pré-projeto pretende se debruçar sobre as diferentes linguagens da arte,
desenvolvidas a partir do Projeto Ler é Arte, realizado há 10 anos na EEEB
Profº Gentil Viegas Cardoso, em Alvorada-RS.
Figura 1 – Desenho à lápis de cor
Fonte: aluno Gabriel, 2011
DESENVOLVIMENTO
Quando falamos
em linguagens, devemos lembrar que o homem é um ser simbólico, e como tal,
capaz de criar símbolos, que têm a função de ordenar e interpretar o mundo em
que vive. Usamos a linguagem, verbal e não-verbal, para nos expressar e
re-ordenar o mundo a nossa volta. Dito de outra forma é através da linguagem
que interagimos com o outro e com o mundo. Nas palavras de Miriam Celeste
Martins:
(...)nossa
penetração na realidade, portanto, é sempre mediada por linguagens, por
sistemas simbólicos. O mundo, por sua vez, tem o significado que construímos
para ele. Uma construção que se realiza pela representação de objetos, ideias e
conceitos que, por meio dos diferentes sistemas simbólicos, diferentes
linguagens, a nossa consciência produz.¹
Pensar a arte-educação, a
partir da experiência concreta do Projeto Ler é Arte², pretende ser um
debruçar-se com um olhar aprofundado sobre o ensino-aprendizagem em artes
visuais, mais especificamente, seguindo a proposta triangular de Ana Mae
Barbosa³, sobre a criação, percepção e conhecimento histórico e cultural das
artes visuais; sobre as relações estabelecidas entre as diferentes linguagens –
teatro, dança, fotografia, escultura, desenho, poesia, instalações, videoarte,
cinema, etc. - desenvolvidas pelos alunos durante o Projeto.
A
arte é criação das linguagens – visual, musical, cinema, dança, poesia – que se
articulam, se conectam e dão corpo ao que o homem pretende dizer. Lembremos que
o homem se utiliza das linguagens desde os remotos tempos das cavernas,
manifestando seus desejos, sonhos, ideias, medos... Hoje, os grafites nas
paredes e muros espalhadas pelo mundo comprovam que esse desejo de expressar-se
plasticamente não morreu. O ser humano, por ser um ser da linguagem, deixa sua
marca, seus signos, seus símbolos em todas as partes.
O pré-projeto
de pesquisa, embasado no Projeto Ler é Arte, parte do pressuposto que toda
aprendizagem deva tentar estabelecer um processo de inferências entre os
conhecimentos que se possui e os novos conhecimentos a serem construídos. Para
tanto, apresentar as obras de arte contextualizadas, como produto cultural e
histórico, situadas em tempos e locais diferentes, com formas e conteúdos
distintos, possibilitará uma maior compreensão das diferentes linguagens e
códigos utilizados pelos artistas. Apreendendo esses códigos, os alunos serão
capazes de criar seus próprios trabalhos, relacionando-os ao seu mundo, as suas
concepções de vida, expressando-se através das diferentes linguagens com as
quais tiveram contato, seja através das pranchas de imagens, dos mapas
conceituais construídos, dos objetos de aprendizagem, das diversas leituras e
atividades propostas no “atelier de artes”. Materiais que foram pensados e
criados ao longo do curso de Artes Visuais e que são constantemente
re-significados na prática pedagógica e na relação estabelecida com o Projeto
Ler é Arte.
CONCLUSÃO
Re-pensar a função da arte na
educação, na escola ou fora dela, parece ser essencial para o entendimento do
pré-projeto. A experiência estética-criativa proporcionada pelo Projeto Ler é
Arte; o desenvolvimento das diferentes linguagens, a leitura de imagens
(ROSSI), a interpretação do mundo contemporâneo a partir das relações entre
arte e educação; a possibilidade de ensinar-aprender arte através da
experiência em arte, como um ser humano que produz, pensa e contextualiza arte
são os requisitos indispensáveis para a realização e aprofundamento dessa
pesquisa em arte. Nesse ir e vir do pensamento, da criação, da pesquisa, da
escuta do outro, e, por que não, do prazer em fazer arte, aprender em conjunto,
duvidando de nossas certezas, tentando entender esse mundo em que vivemos,
muitas vezes tão caótico e incompreensível, como uma possibilidade de
transgressão (HERNANDÈZ), de mudança de paradigmas, de “desautomatização”, de
“desrotinização” de nossas práticas escolares, de ver as coisas com outros
olhos, ou pelo menos, a partir de outros pontos de vista, de forma mais
poética.
REFERÊNCIAS
³BARBOSA, Ana Mae. (org.)
Inquietações e mudanças no ensino de arte. São Paulo: Cortez, 2002.
HERNANDEZ, Fernando. Cultura
Visual, mudança educativa e projeto de trabalho. Porto Alegre: Artmed, 2000.
_____________. Transgressão e
mudança na educação. Porto Alegre: Artmed, 1998.
¹MARTINS, Miriam Celeste. Teoria
e prática do ensino de arte: a língua do mundo. São Paulo: FTD. 2009.
____________. Aprendiz da arte:
trilhas do sensível olhar-pensante. São Paulo: Espaço Pedagógico, 1992.
ROSSI, Maria Helena Wagner.
Imagens que falam: leitura da arte na escola. Porto Alegre: Editora Mediação,
2003.
²PROJETO LER É ARTE. Disponível
em http://projetolerearte.blogspot.com.br/
. Acesso em 15/07/2012
RITTMANN, Sônia Maris. Objetos
de Aprendizagem, Mapas Conceituais, Pranchas de Imagens.
Plurissignificação. Disponível em http://plurissignificacao.blogspot.com.br/
Acesso em 15³07/2012.
terça-feira, 10 de julho de 2012
leituras do mundo...
"Existem dois tipos de livros, os que se lê e os que se lê
sublinhando. Na adolescência, eu certamente teria sublinhado essa frase.
Fui uma sublinhadora voraz e nem sempre imune aos clichês. Certos
trechos que pareciam encerrar toda a sabedoria do mundo e a chave para
decifrar o sentido da vida conquistavam a glória suprema de ganhar um
espaço na parede do quarto - copiados com caligrafia caprichada e
fixados com durex enroladinha. Quando, em fim, a cola sumia e o
cartazinho desabava junto com a pintura, já a tal frase havia ficado
invisível no mosaico de fotografias, cartazes e recortes de revistas que
então cumpriam a função de anunciar ao mundo - se por acaso o mundo um
dia espiasse pela porta do meu quarto - quem morava ali e com o que
sonhava quando estava acordada."
Claudia Laitano
Zero Hora, 1/10/03
Claudia Laitano
Zero Hora, 1/10/03
segunda-feira, 9 de julho de 2012
quarta-feira, 4 de julho de 2012
Estágio: Arte Contemporânea (turma 1103)
O essencial é saber ver
Alberto Caeiro*
“O que nós vemos das cousas são cousas.
Por que veríamos nós uma cousa se houvesse outra?
Por que é que ver e ouvir seria iludirmo-nos
Se ver e ouvir são ver e ouvir?
O essencial é saber ver,
Saber ver sem estar a pensar,
Saber ver quando se vê,
E nem pensar quando se vê
Nem quando se pensa.
Mais isso (tristes de nós que trazemos a alma vestida!),
Isso exige um estudo profundo,
Uma aprendizagem de desaprender (...)”
*Alberto Caeiro, in "O Guardador de Rebanhos - Poema XXIV"
Heterônimo de Fernando Pessoa
“O que nós vemos das cousas são cousas.
Por que veríamos nós uma cousa se houvesse outra?
Por que é que ver e ouvir seria iludirmo-nos
Se ver e ouvir são ver e ouvir?
O essencial é saber ver,
Saber ver sem estar a pensar,
Saber ver quando se vê,
E nem pensar quando se vê
Nem quando se pensa.
Mais isso (tristes de nós que trazemos a alma vestida!),
Isso exige um estudo profundo,
Uma aprendizagem de desaprender (...)”
*Alberto Caeiro, in "O Guardador de Rebanhos - Poema XXIV"
Heterônimo de Fernando Pessoa
Gostaria de agradecer a todos os alunos da turma 1103,
da EEE Profº gentil Viegas Cardoso,
sem os quais essa aventura não seria possível.
segunda-feira, 2 de julho de 2012
Arte Contemporânea: novas linguagens - reflexões
Arte
Contemporânea: novas linguagens
Sônia
Maris Rittmann
“Desconfia
daqueles que te ensinam
Lista de nomes, fórmulas e datas e que
Sempre repetem modelos de cultura
Que são a triste herança que aborrece.
NÃO APRENDE APENAS COISAS
Pense nelas
E constrói sob teu desejo
E imagens que rompam a barreira que asseguram
Existir entre a realidade e a utopia:
Vive num mundo côncavo e oco,
Imagine como seria uma selva queimada,
Detém o movimento das ondas nas arrebentações,
Tinge o mar de vermelho,
Segue algumas paralelas até que te devolvam
Ao ponto de partida,
Coloque o horizonte na vertical,
Faz uivar um deserto,
Familiariza-te com a loucura.”
José Agustín Goytisolo
Lista de nomes, fórmulas e datas e que
Sempre repetem modelos de cultura
Que são a triste herança que aborrece.
NÃO APRENDE APENAS COISAS
Pense nelas
E constrói sob teu desejo
E imagens que rompam a barreira que asseguram
Existir entre a realidade e a utopia:
Vive num mundo côncavo e oco,
Imagine como seria uma selva queimada,
Detém o movimento das ondas nas arrebentações,
Tinge o mar de vermelho,
Segue algumas paralelas até que te devolvam
Ao ponto de partida,
Coloque o horizonte na vertical,
Faz uivar um deserto,
Familiariza-te com a loucura.”
José Agustín Goytisolo
Trabalhar com educação é estar sempre se
reinventando e aprendendo coisas novas. Com a prática de estágio II não foi
diferente. Nossa experiência anterior é extremamente válida na hora de planejar
e organizar as seqüências didáticas, mas de pouco valem se na hora de por em
prática não conseguimos perceber se as escolhas feitas estão funcionando para
aquela turma em especial.
Trabalhar com artes visuais, muito
especificamente, arte contemporânea foi uma experiência bastante especial.
Primeiramente, pelo fato de que esse é um conteúdo que a professora de artes da
escola dificilmente conseguia trabalhar, tanto por questões de currículo, como
por questões de falta de entendimento de sua importância. Segundo, por que os
alunos, nessa faixa etária - imersos em no mundo contemporâneo, sentindo-se
muitas vezes incomunicáveis, em que a velocidade e o individualismo é quem
manda, onde o mundo a sua volta causa estranhamento e espanto - estão mais do que
prontos para enfrentar esse desafio.
Provocar os alunos a pensar e produzir arte
como forma de desenvolver a sensibilidade e a expressão artística, fazendo com
que eles pudessem experimentar os diferentes processos de criação no qual a ideia,
a ação e o projeto é muito mais significativo do que o resultado final;
levá-los a perceber que qualquer material pode servir para criar arte, que não
precisamos de materiais caros e inacessíveis para expressarmos nossa
criatividade; perceber como a arte pode estar conectada com a vida cotidiana de
forma mais presente do que imaginamos.
A experiência proporcionada de leitura de
imagens, pesquisa, apreciação, relacionando as obras com a vida cotidiana a
partir das novas linguagens da arte contemporânea, do trabalhar coletivamente
para um mesmo fim, das produções textuais que tinham por fim levá-los a pensar
sobre a arte contemporânea possibilitou que os alunos se expressassem de forma
mais livre e pudessem ver com outros olhos a arte contemporânea, tantas vezes
incompreendida por falta de proximidade e desconhecimento de seus signos. Muito mais do que adquirir informação, os
alunos tiveram uma experiência ímpar para desenvolver sua percepção, observação,
imaginação e sensibilidade para a arte contemporânea, através de exercícios de
fruição, pesquisa e prática de forma contextualizada.
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