Caixa de Pandora

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Só a arte nos salva - Fernando Pessoa


Ophelia - Paul Steck 

Só a arte salva
A arte livra-nos ilusoriamente da sordidez de sermos. Enquanto sentimos os males e as injúrias de Hamlet, príncipe da Dinamarca, não sentimos os nossos ― vis porque são nossos e vis porque são vis.

O amor, o sono, as drogas e intoxicantes, são formas elementares da arte, ou, antes, de produzir o mesmo efeito que ela. Mas amor, sono, e drogas tem cada um a sua desilusão. O amor farta ou desilude. Do sono desperta-se, e, quando se dormiu, não se viveu. As drogas pagam-se com a ruína de aquele mesmo físico que serviram de estimular. Mas na arte não há desilusão porque a ilusão foi admitida desde o princípio. Da arte não há despertar, porque nela não dormimos, embora sonhássemos. Na arte não há tributo ou multa que paguemos por ter gozado dela.

O prazer que ela nos oferece, como em certo modo não é nosso, não temos nós que pagá-lo ou que arrepender-nos dele.

Por arte entende-se tudo que nos delicia sem que seja nosso ― o rasto da passagem, o sorriso dado a outrem, o poente, o poema, o universo objectivo.

Possuir é perder. Sentir sem possuir é guardar, porque é extrair de uma coisa a sua essência.

Fernando Pessoa, no Livro do Desassossego.

domingo, 21 de outubro de 2012

Percurso Individual do Objeto de Aprendizagem


PERCURSO INDIVIDUAL:

Objeto de Aprendizagem: CAIXA DE PANDORA

Sônia Maris Rittmann

Pensar na criação de um Objeto de Aprendizagem, único, que possa dar conta da diversidade de linguagens propostas a partir do eixo articulador Atelier - com a exigência de abordar pelo menos três linguagens (desenho, pintura, escultura e fotografia, das pranchas, do conjunto de projetos elaborados para serem desenvolvidos, parece-me uma tarefa, se não impossível, bastante difícil de ser realizada. Difícil, não impossível.

Quando falamos em linguagens, devemos lembrar que o homem é um ser simbólico, e como tal, capaz de criar símbolos, que têm a função de ordenar e interpretar o mundo em que vive. Usamos a linguagem, verbal e não-verbal, para nos expressar e re-ordenar o mundo a nossa volta. Dito de outra forma é através da linguagem que interagimos com o outro e com o mundo. Nas palavras de Miriam Celeste Martins:

 (...)nossa penetração na realidade, portanto, é sempre mediada por linguagens, por sistemas simbólicos. O mundo, por sua vez, tem o significado que construímos para ele. Uma construção que se realiza pela representação de objetos, ideias e conceitos que, por meio dos diferentes sistemas simbólicos, diferentes linguagens, a nossa consciência produz.¹

A arte é criação das linguagens – visual, musical, cinema, dança, poesia – que se articulam, se conectam e dão corpo ao que o homem pretende dizer. Lembremos que o homem utiliza as linguagens desde os remotos tempos das cavernas, manifestando seus desejos, sonhos, ideias, medos...

            A partir dessas reflexões que surgiu a ideia de criar um Objeto de Aprendizagem que levasse em conta parte dessa história de amor e ódio que move o homem desde os tempos mais remotos até os dias de hoje, com uma carga simbólica que remetesse tanto a figura humana – homem-mulher – quanto às crenças e medos que acompanham o homem desde sempre, além do poder de sintetizar o mito do conhecimento, objeto de desejo e estudo de toda uma vida. É a partir dessa lógica que proponho o Objeto de Aprendizagem Caixa de Pandora.

Abaixo elenco meu percurso individual até o presente momento, com parte do processo de acertos e desacertos, “errâncias”, as derivas surgidas a partir de muita pesquisa e discussão madrugadas a dentro, enfim, como não canso de repetir, segue em processo...

  1. Pranchas: justificativa, conceitos e articulações:
  1. Pré-projeto:
  1. Eixo operacional:
  1. Fichamento dos projetos:
  1. Objeto de aprendizagem: fisicalidade:
Textos:
Objeto:
  1. Objeto de aprendizagem: virtualidade: Não tenho preferência por nenhum programa específico, utilizarei o que for necessário e mais adequado à transposição do Objeto de Aprendizagem físico para o virtual.
  2. Trabalho de Conclusão de Curso: artigo (em processo)

domingo, 14 de outubro de 2012

Dilemas da arte/educação


  "Relatividade" M.C. Escher - 1953

Nos últimos anos estamos vivendo uma transformação tecnológica radical. Essa transformação, que alguns chamam de revolução tecnológica, afeta a todos os segmentos da sociedade, e, certamente, a educação e a arte. O texto de Ana Mae faz um recorte bastante significativo e traz a tona uma discussão extremamente pertinente sobre arte, educação, mediação cultural e tecnologias contemporâneas. A partir de um breve histórico dos conceitos modernistas e pós-modernistas de arte e de educação, da constatação do preconceito que cerca a arte/educação no Brasil, através de exemplos de instituições e museus que utilizam diferentes abordagens expositivas com foco na educação, as críticas à abordagem de muitos dos CD-ROMs e sites de instituições, ela chega ao que se entende como a visão contemporânea de mediação em arte, utilizando a tecnologia não apenas como um meio de transmissão de informações, mas um meio “interativo” (pouco estudado em seus efeitos, segundo ela) de apreciação e experimentação em arte.

Creio que o exemplo mais significativo que Ana Mae nos traz é o de Nicholas Serrota, diretor do Tate Gallery e Tate Modern, que propõe a organização das exposições de arte em que enfatiza a experiência da recepção do apreciador e não como era feito até então com ênfase na obra ou no produtor. Ao propor o diálogo entre diferentes movimentos, épocas e estilos, mudam os paradigmas, mudam também o entendimento sobre a arte, a educação, a mediação.

“A tecnologia não apenas transforma as práticas cotidianas, mas também os modos de produção intelectual e dilui os limites entre compreensão e certeza”

A tecnologia é uma realidade presente em nossas salas de aula. Poucos alunos ainda utilizam dicionários de papel, a maioria pesquisa diretamente nos seus celulares conectados a WEB, em sites nem sempre confiáveis, mas extremamente rápidos. Cada palavra e ação nossa em sala de aula é imediatamente jogada na Internet, em sites como youtube, facebook, twitter, ou outro que venham a inventar enquanto digito esse texto. Rapidamente nossos alunos aprendem a utilizar ferramentas como editores de texto, imagens, vídeos, áudio... Por que não aproveitar essa disposição para o ensino da arte, para pensar arte, produzir arte e contextualizar arte?

“Percepção, memória, mimeses, história, política, identidade, experiência, cognição são hoje mediadas pela tecnologia.(...) Participação, representação, desejo, criação, expressão são conceitos transformados pela ação da tecnologia”.

Creio que é nessa brecha que podemos agir. Questionar, provocar, instigar alunos, colegas, pais a repensar a utilização da tecnologia seria um primeiro passo, perder o medo da tecnologia e usá-la a nosso favor é uma opção quase que obrigatória, sob o risco de ficarmos falando sozinhas em sala de aula, enquanto nossos alunos apreciam qualquer outra coisa que esteja no formato “digital” em frente aos seus olhos, ouvidos e cérebros.

Cabe aqui destacar que as colegas do curso de artes visuais contribuíram significativamente para a discussão trazendo suas impressões sobre o texto, e que fiquei particularmente tocada pelas colocações da colega Claudia Tedesco (do fórum do polo Gramado) por também compartilhar de algumas das dúvidas que ela tão bem enumera:
“Pois quem tem cultura tem poder.
E quem tem educação tem o quê?
A quem interessa que o povo não tenha cultura?
Será que é por isso que as escolas que possuem bons laboratórios de informática não possuem internet?
As escolas que possuem a internet não possuem monitores para atender aos alunos?
E as que possuem tudo e os laboratórios permanecem fechados para que os materiais não estraguem?
Os professores que utilizam vários recursos tecnológicos como vídeos e data show, são vistos pelos como “matões” e não ministram os conteúdos previstos?
Tecnologias contemporâneas: como usá-las como instrumento de mediação cultural?
Como inserir a produção dos alunos com o espaço virtual? Não basta jogar na rede é preciso contextualizar diante das diversas realidades.
Como formar um público que pesquise, analise e formule e reformule suas próprias considerações?
Como inserir o aluno neste espaço de forma a desenvolver sua criatividade e imaginação?”(TEDESCO)

Como de costume, temos muito mais dúvidas do que certezas, mas fico feliz em saber que não estamos sozinhas nessa caminhada, que estamos, mesmo que distantes fisicamente, separadas por vários quilômetros, tão próximas, virtualmente, devido aos interesses, pensamentos e “dilemas” sobre arte, educação, mediação, tecnologia, política e vida. 
 
Referências:
BARBOSA, Ana Mae. Dilemas em arte/educação como mediação cultural em namoro com as tecnologias contemporâneas. Disponível em:
Acesso em 14/10/2012.

TEDESCO, Claudia. Disponível em
Acesso em 14/10/2012.

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Fotografia: olhando o mundo através de outras lentes


Mesa de fotógrafo Fernanda Sanson fs.photos.fs@gmail.com

Fotografia: olhando o mundo através de outras lentes
Sônia Maris Rittmann
Polo POA 01 UFRGS
"(…) já está no terreno de quem pensa que tudo o que não é fotografado é perdido, que é como se não tivesse existido, e que então para viver de verdade é preciso fotografar o mais que se possa, e para fotografar o mais que se possa é preciso: ou viver de um modo o mais fotografável possível, ou então considerar fotografáveis todos os momentos da própria vida. O primeiro caminho leva à estupidez. O segundo, à loucura."
 “A aventura de um fotógrafo”, Ítalo Calvino
Justificativa:
Vivemos em um século em que as transformações tecnológicas acontecem de forma muito acelerada. As facilidades de acesso às diferentes mídias digitais é um fato inegável. O computador e a Internet, hoje, são mais do que meras ferramentas de trabalho, são meios de comunicação que se transformaram em verdadeiras linguagens que servem para expressar os mais diferentes propósitos.
Nós, como professores de arte, não fugimos a essa alucinante evolução e fazemos uso de muitas das ferramentas disponíveis no mercado. Cabe aqui ponderar se esse uso que está sendo feito está acompanhado da devida reflexão sobre os impactos dessa tecnologia no desenvolvimento de nossos alunos e em quanto uma aula que usa a tecnologia não está apenas mudando a ferramenta sem que haja uma efetiva transformação de conteúdo, metodologia e relacionamento com o outro. É impensável nos dias atuais privar quem quer que seja da informação, seja ela concreta ou virtual, porém devemos fazer isso sempre com muito cuidado e atenção para o fato de que “informação não é conhecimento”, e que para que se transforme em conhecimento é necessário que trabalhemos nessa questão.
Objetivo Geral:
O presente projeto, que deverá ser aplicado em uma turma de 1º ano do Ensino Fundamental Politécnico da EEEB Profº Gentil Viegas Cardoso, em que trabalho, em Alvorada-RS, tem como premissa explorar e entender, ao menos em parte, o processo fotográfico para além de uma técnica de reprodução, através da pesquisa da história da fotografia, dos grandes nomes da fotografia mundial, das diferentes funções que a fotografia exerce no mundo contemporâneo.
Objetivos Específicos:
* Fotografia enquanto linguagem artística;
* Elementos básicos da fotografia: planos, foco, movimento, cor, textura. Iluminação, perspectivas, equilíbrio e composição; regra dos terços;
* Utilização do blog como espaço de aprendizagem e socialização de descobertas, conhecimentos e trocas significativas sobre fotografia, arte e educação;
Desenvolvimento:
* Sensibilização através da audição da música “Esquadros” de Adriana Calcanhoto;
* Apreciação e leitura de imagens de grandes fotógrafos mundiais (banco de imagens), com especial atenção para a fotografia de Claudia Andújar (prancha), Sebastião Salgado e Vik Muniz;
* Jogo interativo sobre a fotografia (itaucultural);
* Pesquisa da história da fotografia, do analógico ao digital, as transformações ocorridas em tempos e contextos diferentes;
* Leitura e discussão de alguns textos sobre fotografia:
*A fotografia e a Web;
* Estudo dos diferentes usos e funções da fotografia ontem e hoje;
* O uso do celular como ferramenta de captura de imagens;
* Instagram, benção ou maldição?
* A banalização das imagens;
* A fotografia como linguagem a serviço da arte;
* Tratamento de imagens - programas que podemos utilizar: editores, álbuns online, utilitários;
* Experimentação fotográfica a partir de um novo olhar, produzindo suas próprias fotografias, experimentando os recursos expressivos da linguagem fotográfica em suas criações;
* Saídas de campo para captar as fotografias:
* Seleção das imagens que deverão ser postadas no blog: o que selecionar? Por quê? Critérios utilizados para as escolhas? Relevância das imagens? Ou outras questões que poderão surgir no decorrer dessa etapa;
* Socialização da experiência fotográfica e discussão dos aprendizados por intermédio dos blogs Imagem e reflexão e  Projeto Ler é Arte;
* Por fim, os resultados das produções dos alunos deverão integrar a mostra anual organizada pela área da Linguagens, o Projeto Ler é Arte, espaço tradicional da escola de socialização de produções artísticas e culturais da toda a comunidade escolar.

Espaço:
O espaço ideal para a realização desse projeto é a sala de informática com acesso aos softwares de edição de imagens disponíveis online. Outra opção seria através de notebooks com acesso à web. Além disso, para os exercícios práticos, espaços abertos e públicos, deverão ser estimulados através de saídas de campo para captura de imagens e diálogo sobre melhores soluções para as fotografias.
Recursos utilizados (coletivos):
* Banco de imagens e vídeo (pendrive) a ser apreciado na sala multimídia através com utilização de datashow e projeção de slides em telão;
* Programas de edição de imagens: Picasa, Photoshop, Pixlr, entre outros;
* Máquinas fotográficas (acervo pessoal) analógica e digital;
* Postais de fotos antigas e novas Revistas sobre fotografia (acervo pessoal);
* Pranchas de imagens (acervo pessoal e acervo da escola);
* Sala de informática com acesso à web para pesquisa, edição e postagens no blog.
Recursos utilizados (individuais):
* Máquina fotográfica ou celular com câmera  (solicitar que alunos tragam as suas);
* Pendrive para armazenamento das imagens;
* Bloco para anotações;
Recursos complementares:
Blog Projeto Ler é Arte:  http://projetolerearte.blogspot.com.br/
Blog Imagem e Reflexão:  http://imagemereflexao.blogspot.com.br/
Pixlr. Editor de imagens online. http://pixlr.com/editor/
Master of Photography. Sebastião Salgado.
Jogo educativo Itaucultural-Fotografia.
Vídeo:
Música: Esquadros de Adriana Calcanhoto
Tempo estimado:
O Projeto, Fotografia: olhando o mundo através de outras lentes, do modo como foi pensado deverá ser executado em um trimestre de estudos, com aulas semanais de um período semanal.
Avaliação:
A avaliação se deverá ser em dua etapas: primeiramente individual, através dos registros escritos dos alunos, num processo reflexivo sobre a sua própria aprendizagem, a seguir, através de um diálogo coletivo entre os participantes do projeto, auto-avaliativa.
Principais referências bibliográficas:
BARBOSA, Ana Mae. A imagem no ensino da arte: anos oitenta e novos tempos São Paulo: Perspectiva: Porto Alegre: Fundação IOCHPE, 1991.
Miasato, Lea. Fotografia: olhar que olha para dentro e para fora. Disponível em http://www.artenaescola.org.br/sala_relato.php?id_relato=165 Acesso em 03/04/2011.
Para ir mais longe e aprofundar as pesquisas: Sites e blogs sobre arte, fotografia e educação:

domingo, 7 de outubro de 2012

AVA: A mansão de Quelícera


A mansão de Quelícera

 Para as colegas que estão trabalhando com o Eixo Operacional Ludicidade , que não é o meu caso, deixo uma dica: o game educativo A Mansão de Quelícera.

É uma aventura investigativa criada a partir de pinturas da história da arte e baseada num conto de mistério. Também é recurso educacional para o ensino de arte, composto de game em CD-Rom e site de apoio ao educador, que desde 2008 é recomendado pelo Ministério da Educação (MEC) para ser implantado nas escolas de todo o Brasil. Claro que ainda não foi. Porém, é possível jogar online ou baixar alguns dos aplicativos e utilizá-los off-line. Os espaços são bastante instigantes e é possível passar hora explorando os mesmos. Deixo algumas imagens para que vocês mesmos possam perceber a riqueza de detalhes.

Os espaços são bastante instigantes e é possível passar hora explorando os mesmos. Deixo algumas imagens para que vocês mesmos possam perceber a riqueza de detalhes.

 Hall

Quarto 1



 
Sótão
 
Site do jogo

Site do educador

Baixar do jogo gratuitamente (51 MB)

“A estrutura de aventura investigativa suscita ao jogador um olhar desacelerado e interpretativo, semelhante aquele lançado à obra de arte no processo de fruição. Assim, o jogo é espaço de experiência artística, fundamentado no pensamento do esteta H. G. Gadamer.” No site do educador você encontra dicas de como melhor utilizar os recursos disponíveis.

O projeto foi proposto e desenvolvido por Casthalia em parceria com o Centro de Artes da UDESC, sob coordenação do Prof. Dr. Antonio Vargas. Foi parcialmente financiado pelo Ministério da Cultura, Eletrobras e FAPESC. 

 Site do Casthalia

O Casthalia ainda oferece outro jogos em seu site que podem ser baixados para seu computador ou jogados online. Um mini-museu interativo e um vídeo bastante bacana. A escolha do que utilizar vai depender apenas do tipo de trabalho que o professor quer desenvolver e das condições da escola.

Referência:

http://www.casthalia.com.br/portfolio/quelicera_por.html

Outros jogos do grupo Casthalia:

sábado, 6 de outubro de 2012

Arte e Tecnologia



Lendo e relendo os textos disponibilizados no ambiente, explorando os diferentes AVAS, ponderando sobre as colocações das colegas, que tão sabiamente expõem a situação em que se encontra a educação pública no nosso estado atualmente, não pude parar de pensar em uma frase que a professora Biazus destaca na apresentação de seu livro “Projeto AprenDi: Abordagens para uma Arte/Educação tecnológica”:

“O olhar do menino que desenha o seu percurso até a escola numa folha de papel na escola, borda num retalho de pano, que irá transformar-se num manto mágico, e que descobre que esta viela que serpenteia por entre casebres existe num mapa maior, que ele pode visualizar numa tela conectada na rede, revela que os fazeres da arte estão imbricados no e com os processos da tecnologia digital.(..)”¹

Imagem saborosa essa do menino que descortina pela primeira vez através do Google Maps, do ponto mais distante, a imagem da Terra - azul esverdeada - se aproximando lentamente, que aos poucos vai ganhando contornos, sombras, volumes, percebendo e identificando os continentes, os mares, os rios –linhas sinuosas que se assemelham com galhos secos de árvores, talvez veias por onde corre o nosso sangue, simplesmente espetacular ver o olho brilhando daquele menino, que aos poucos começa a vislumbrar um outro mundo, que é o mesmo, mas que se mostra de forma tão nova e arrebatadora que nunca ele havia imaginado.

Os céticos podem dizer que ele já havia manuseado Atlas de papel, mapas, desenhos com representações de sua cidade...Eu digo: não tem comparação. O impacto que uma imagem captada, diretamente do espaço, por um satélite que fica a milhares de quilômetros da terra, causa sim uma mudança profunda na compreensão do universo. Sentimo-nos do tamanho que realmente somos, compreendemos a imensidão do universo e a pequenez do ser humano.

“Qualquer linha divisória que se queira traçar entre os fazeres na contemporaneidade só existe em nossas mentes. Arte e tecnologia na educação, educação em mídia arte ou educação tecnológica são modos de nomear os processos que se delineiam nos currículos escolares hoje.”¹

Penso que ao proporcionarmos aos nossos alunos a experiência de utilizar algumas das ferramentas tecnológicas das que dispomos hoje em dia, qualquer uma que seja, mesmo que de forma precária, limitada, estaremos abrindo possibilidades para esse menino, provocando uma mudança de perspectiva, possibilitando que esse menino possa ampliar seu repertório visual, cultural, estético; auxiliando-o a relacionar o que vê com o que ele vive, valorizar o mundo em que ele vive e ver a beleza do que o cerca. Porém, penso que de nada adiantará essa disponibilidade tecnológica sem que se faça um trabalho sério de mediação, de interlocução, que possa resgatar questões que são do campo da arte, mas que são também do campo da cultura, da sociedade, da cidadania.
 
Referências:
¹BIAZUS, M.C.V. Projeto AprenDi: Abordagens para uma Arte/Educação tecnológica.
Disponível em




"Prometheus" - Goethe - 1774

"Prometheus"
"Encobre o teu Céu ó Zeus
com nebuloso véu e,
semelhante ao jovem que gosta
de recolher cardos
retira-te para os altos do carvalho ereto
Mas deixa que eu desfrute a Terra,
que é minha, tanto quanto esta cabana
que habito e que não é obra tua
e também minha lareira que,
quando arde, sua labareda me doura.
Tu me invejas!
(...)
Eu honrar a ti? Por quê?
Livraste a carga do abatido?
Enxugaste por acaso a lágrima do triste?
(...)
Por acaso imaginaste, num delírio,
que eu iria odiar a vida e retirar-me para o ermo
por alguns dos meus sonhos se haverem
frustrado?
Pois não: aqui me tens
e homens farei segundo minha própria imagem:
homens que logo serão meus iguais
que irão padecer e chorar, gozar e sofrer
e, mesmo que sejam parias,
não se renderão a ti como eu fiz" 

 "Prometheus" - Goethe - 1774

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

reflexões sobre o Objeto de Aprendizagem


Prometeu Acorrentado
Olá, pessoal!
Estou num impasse hercúleo quanto ao meu Objeto de Aprendizagem.
Nesse momento, aguardando orientações da minha tutora de Seminário Integrador 8 sobre a continuidade do mesmo, estou numa fase no mínimo curiosa. Fiz um acordo com meu Objeto de Aprendizagem: eu não mexo com ele e ele não mexe comigo. Brincadeiras à parte, o Objeto está parado. Estagnado. Sem vida. Eu, junto com ele, me sinto acorrentada, sem saber muito bem o que fazer. Sem nenhum feedback (das etapas 1, 2 e 3), encontro-me em letargia profunda. Sem resposta de se devo ou não prosseguir, sem saber ao certo se devo ou não concretizá-lo como está no projeto, sem saber se devo corrigir o rumo do mesmo, o Objeto permanece apenas no papel (na verdade, no HD).
“Nesta etapa vamos construir fisicamente o objeto de aprendizagem: Lembre-se de que antes de você iniciar a construção do objeto de aprendizagem o seu projeto deverá estar coerente com os projetos de trabalho do eixo operacional escolhido, e precisará ter passado por todas as etapas de revisão após as orientações recebidas.” (orientações da etapa 4 do Seminário Integrador 8)
Vejo colegas que algumas estão bastante adiantadas em suas construções e minha angústia só aumenta. Parabéns a todas que estão conseguindo fazer seus objetos, concretamente, por que eu não estou. Digo isso sem nenhuma vergonha – até porque sempre tive bastante facilidade para realizar a maioria das atividades propostas – e não sem uma pontinha de preocupação, por que os prazos vão encurtando muito rapidamente. Gostaria de obter alguma resposta e poder dar prosseguimento ao Objeto de Aprendizagem, seja para construí-lo, seja para recomeçar do zero.
Isso tudo tem no mínimo um agravante, pois pelo que entendi até o momento, o Objeto de Aprendizagem deveria servir de base para a construção de parte do TCC... Estou certa?
Sinto-me impotente diante de tanto abandono. Lamento profundamente caso tenha sido injusta com alguém em minhas colocações, mas não posso deixar passar mais tempo, pois corro o risco de ficar sem nenhum tempo.
Abraços,
Sonia Maris

terça-feira, 2 de outubro de 2012

Ainda sobr o tempo...


Asas do Desejo- Win Wenders


"(...)nosso tempo não pertence a mais ninguém somente a nós mesmos, nós o valoramos, e é dentro desse tempo que nos pertence que construímos o que corresponde a um olhar único, fruto dessa vida que cada um de nós constrói a partir de uma experiência que é única, e somente por ser única é que pode ser compartilhada.(...)" Umbelina Barreto