Acredito que o que nos diferencia dos animais é a capacidade de pensar, sentir e expressar nossos sentimentos através da linguagem. Penso que foi basicamente isso que nos levou a criar ferramentas indispensáveis para sairmos da era das trevas e nos inserirmos no mundo da cultura. Evoluímos vertiginosamente. De tempos em tempos, mesmo que muitos não aceitem imediatamente damos saltos tecnológicos impressionantes que nos capacitam a resolver problemas de toda ordem. A tecnologia da informação (TIC) é uma dessas ferramentas criadas pelo gênio humano. Diria até que muito mais do que simplesmente uma ferramenta, a tecnologia da informação, com seus múltiplos usos, pode ser considerada uma nova linguagem e quem não consegue dominá-la minimamente está sendo privado de uma gama de conhecimentos que poderiam auxiliar na construção de uma vida melhor.
As TICs facilitam a comunicação, aproximam pessoas de diferentes regiões do planeta, conectando-as e possibilitando que trabalhem de forma cooperativa em diferentes projetos de forma imediata e simultânea. Idéias são feitas para circularem, quando mais, melhor. Mesmo que a tecnologia não resolva todos os nossos problemas, hoje em dia, é impensável vivermos sem acesso a rede mundial de computadores. Vejo a Internet como uma fonte de pesquisa acessível, com uma pluralidade de idéias e valores que possibilitam um crescimento pessoal muito acelerado. Preconceitos são rapidamente derrubados, notícias são acessadas em tempo real, vivemos um tempo de conexão total, seja pelos celulares, cada dia mais equipado, seja pelos notebooks ou pelos PCs nas salas de informática.
Estamos longe do mundo ideal. As desigualdades ainda são muitas e algumas dificuldades são inerentes a qualquer processo. O acesso ao mundo digital, infelizmente, ainda é um privilégio de poucos. Muito já se avançou nesse sentido, porém ainda estamos longe do que pode ser considerado o ideal. As questões que contribuem para esse atraso tecnológico são muitas e vão do mais simples ao mais complexo. Temos desde a mais elementar falta de energia elétrica estável nas escolas até a mais ampla falta de redes wireless que possibilitaria a conexão Internet sem fio, e esses são apenas alguns dos impedimentos da democratização do acesso à tecnologia digital.
O professor nesse labirinto de dificuldades vai driblando os problemas à medida que surgem. Faz muito com o que lhe é disponibilizado, faz pouco frente ao que se sonha. O que não podemos é ficar paralisados diante dos obstáculos. Sempre podemos achar um caminho para possibilitar aos nossos alunos o acesso ao mundo digital. Se não a todos o tempo todo, pelo menos de forma gradual e escalonada a pequenos grupos nas salas de aula. Não existindo uma sala de informática ideal, podemos levar nossos notebooks para a sala de aula e possibilitar que aos poucos os alunos se familiarizem com a ferramenta e as possibilidades que ela abre. Também é possível conectar nossos notebooks com Internet 3G a um monitor de TV com uma tela maior para que todos possam acompanhar algum site interessante, um trailer de um filme, uma pesquisa em uma galeria de imagens, visitar algum museu virtual... As possibilidades são imensas, desde que se tenha um pouco de boa vontade e alguma disponibilidade de tempo.
Não se trata de desprezar todo o trabalho presencial e concreto utilizado até então pelos professores, mas de potencializar os diferentes recursos a nossa disposição para que as aulas sejam mais criativas, dinâmicas e significativas para nossos alunos. Penso, hoje, ser perfeitamente possível aliar o concreto ao virtual, o objetivo ao subjetivo, questões de leitura e interpretação de textos escritos ou visuais com o mundo vivido pelo aluno, seja ele de uma grande capital como Porto Alegre ou de uma pequena cidade da periferia como Alvorada. A tecnologia nos permite ultrapassar algumas barreiras que até bem pouco tempo pareciam intransponíveis. O uso significativo e de qualidade de todo esse aprendizado adquirido tanto na nossa experiência concreta, real, palpável quanto no curso de Artes Visuais, virtual e a distância depende de nossa capacidade de perceber tanto as necessidades de nossos alunos quanto às seqüências didáticas que podemos trabalhar em cada nível, fazer a devida transposição didática, adequando o apreendido aos objetivos específicos de cada grupo de alunos de cada etapa de desenvolvimento desses mesmos alunos. Penso que tendo um mínimo de clareza do que desejamos e estando abertos a mudar e ajustar sempre que houver necessidade estaremos muito próximos de conseguirmos que nossos alunos se interessem por arte tanto quanto se interessam por outros conhecimentos presentes na escola e fora da escola. O limite entre o sucesso e o fracasso pode ser tão tênue quanto uma bolha de sabão. É uma tarefa bastante difícil, mas, como já falamos em outros espaços, não é impossível.