"Existem dois tipos de livros, os que se lê e os que se lê
sublinhando. Na adolescência, eu certamente teria sublinhado essa frase.
Fui uma sublinhadora voraz e nem sempre imune aos clichês. Certos
trechos que pareciam encerrar toda a sabedoria do mundo e a chave para
decifrar o sentido da vida conquistavam a glória suprema de ganhar um
espaço na parede do quarto - copiados com caligrafia caprichada e
fixados com durex enroladinha. Quando, em fim, a cola sumia e o
cartazinho desabava junto com a pintura, já a tal frase havia ficado
invisível no mosaico de fotografias, cartazes e recortes de revistas que
então cumpriam a função de anunciar ao mundo - se por acaso o mundo um
dia espiasse pela porta do meu quarto - quem morava ali e com o que
sonhava quando estava acordada."
Claudia Laitano
Zero Hora, 1/10/03
Claudia Laitano
Zero Hora, 1/10/03
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