Caixa de Pandora

terça-feira, 27 de julho de 2010

Avaliação Final: Percepção e Representação


Ao começar a disciplina de “Percepção e Representação”, pude entender que a representação que temos do mundo não é uma cópia fiel do mundo, mas uma representação desse mundo. Entendi que desde a pré-história até os dias de hoje a figura humana é representada, e em cada época ela foi realizada de uma forma diferente, evidenciando uma construção cultural. Ao estudarmos com um olhar mais atendo a figura humana a partir da Arte Egípcia, Renascentista e Contemporânea foi possível confirmarmos essas diferenças e o quanto o contexto contribui para isso.

Entre os elementos gráficos explorados e manuseados durante as produções gráfico-plásticas das nossas figuras humanas, a partir desses diferentes contextos, saliento a linha, a forma e a composição como os mais significativos para o meu processo de pensar e elaborar os trabalhos. Particularmente, achei a aula presencial com o desenho da figura humana a partir de um modelo vivo o momento mais prazeroso dessa disciplina. Nessa aula, trabalhamos de forma prática a linha e o contorno, o que nos possibilitou a experimentação de olhar uma forma tridimensional e transformá-la em uma forma bidimensional a partir do desenho cego, depois do desenho com minutos contados, ampliando esse tempo até que conseguíssemos tornar nosso olhar aguçado o suficiente para em uma breve olhada, captar a essência da figura. Realmente, muito bom.
As atividades realizadas a partir da Arte Contemporânea também tiveram um grande impacto sobre todos nós. A desconstrução das formas e a remontagem a partir de uma outra lógica deixou-nos a princípio perplexas, mas depois bastante satisfeitas com os resultados. Essa exploração das formas evidenciando diferentes composições foi muito rica e pudemos aprofundar alguns elementos estudados em Fundamentos da Arte, agora a partir da figura humana. A exploração e o aperfeiçoamento da linha foi, para mim, a parte mais importante dessa disciplina. Ficamos com vontade de desenhar mais e melhor.

Cada trabalho realizado trouxe uma nova aprendizagem. Durante a execução da primeira atividade: os retratos, realizados a partir da observação, pude explorar a linha, de maneira que representasse, de forma o mais fiel possível, a pessoa retratada. Nesse trabalho não consegui manter a mesma pressão no lápis: comecei com o traço mais leve e aos poucos, creio que por cansaço ou falta de prática mesmo, fui forçando mais o lápis e o desenho ficou mais marcado, pesado. Era para se apenas o contorno e eu me excedi, traçando mais linhas do que deveria. Penso que se desenhasse mais vezes, talvez o traço fosse mais leve e natural, como no primeiro desenho.

Na segunda atividade, que deveria trazer uma figura humana com fundo, procurei explorar mais a composição, para dar uma idéia da personalidade do retratado através do desenho, coloquei no desenho coisas que ele gosta: pesca, barcos, chimarrão, mar... A composição dos elementos que compõem a cena ficou interessante, creio que equilibrada, sendo que a figura humana ocupa a metade esquerda como que em oposição à metade direita onde ficou o barco e o mar, separados apenas pela linha perpendicular que atravessa a imagem da esquerda para a direita de forma descendente. Terra e mar assim se separam na imagem final em dois grandes triângulos invertidos.

No trabalho de figura humana repetida, com o uso da técnica de frottage, a exploração da cor e da forma foi mais acentuada. Tentei criar uma ilusão de movimento a partir da gradação das cores, do claro para o escuro, indo do amarelo claro do último plano ao preto do primeiro plano. Essa imagem que se aproxima inicia amarelo claro, indefinição, fluidez, incerteza, na parte superior direita da folha e desce até a esquerda inferior, chegando ao preto, black-out, negação, ausência. Formas retas, geométricas, triangulares, duras... A idéia era mostrar o ser humano e suas arestas, defendendo-se do mundo ou dele mesmo, sei lá.

Os trabalhos dedicados à arte contemporânea foram calcados na técnica de mista, colagem, desenho e pintura. Neles o principal elemento foi a composição. Mostram de diferentes formas a fragmentação, o esfacelamento do ser humano, diante de um mundo que, ao mesmo tempo em que se mostra caótico, cheio de cobranças e urgências, também aponta uma saída: a arte – como forma de expressão, como forma de materialização de uma consciência, como forma de viver. Nós, seres humanos que somos, aprisionados, enquadrados, rotulados, etiquetados, classificados e, muitas vezes, despojados de singularidade, tentando de alguma forma falar, respirar, amar, viver... Difícil, sim, muito. Impossível, não.

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