Caixa de Pandora

terça-feira, 29 de junho de 2010

A escola como espaço sociocultural (em processo 1)

Reflexão crítica do grupo Cavalete (eliana, roseli, rossele e sonia maris) em processo

O artigo "A escola como espaço sociocultural", do professor do Núcleo de Estudos de Educação, Cultura e Sociedade da FaE-UeFMG, Juarez Dayrell, que faz parte do livro Multiplos Olhares sobre Educação e Cultura, de 1996, traz para discussão um tema que nos é muito caro: a educação.
Para pensarmos a educação hoje, devemos compreender a história social, política e cultural dos sujeitos envolvidos nesse processo. E é isso que o artigo em questão traz, a partir da análise de uma escola específica, um mapeamento de um universo que, apesar de reportar-se a uma escola dos anos 90, quase vinte anos atrás, nos parece bastante próximo. O autor, ao caracterizar sua fonte de pesquisa, a escola, os alunos e os professores, parece estar olhando para dentro de nossas escolas, hoje.
O autor ao perguntar quem são os sujeitos da educação, revela um olhar atento às relações entre esses sujeito. Relação nem sempre tranquila, muitas vezes bastante antagônica, onde os conflitos surgem como consequência de uma estrutura institucional que limita ao invés de ampliar. Nas palavraras do próprio autor "falar da escola como espaço sociocultural implica, assim, resgatar o papel dos sujeitos na trama social que a constitui, enquanto instituição." A escola, ao tratar como iguais aqueles que são, cultural e socialmente, diferentes, ao invés de promover a inclusão, acaba por excluir de uma forma muito cruel. (...)

domingo, 27 de junho de 2010

Objeto de Aprendizagem (em processo 2)


Olá, pessoal!

A princípio pode parecer loucura, mas estou tentando compreender o Objeto de Aprendizagem. Até o presente momento estava na pesquisa, são muitas informações e caminhos possíveis a seguir... Temos muito material disponível para ser (re)utilizado através dos espaços que nos disponibilizaram (CINTED, RIVED...).

A questão que eu coloco nesse momento é como selecionar o que utilizar adequando ao nosso aluno, a sua faixa etária, aos desejos apreendidos pelas suas narrativas, ao período pretendido a se trabalhar (arte contemporânea)? Pensei em como disponibilizar/propor tudo isso, sem que se perca o foco?

Pensei na provocação da professora Umbelina "O que vamos rebater, tecer, articular, indicar, apontar, desequilibrar, enfatizar, ordenar e enfim liberar na construção de um objeto de aprendizagem orientado para um futuro por ser tecido pelo presente?"

E foi a partir dessa fala e das colegas Neusa "se as mídias estão presentes na dinâmica sociedade que estamos inseridos...esta abordagem realmente deve merecer nossa reflexão e além disso nosso "preparo" como mediadores) e Lisiane Berti "Não podemos fugir dos objetos da contemporaneidade. O cinema, a música, a televisão, a internet e todas as inovações quase diárias" que cheguei a seguinte questão:

Por que não articular todo esse material através do que os alunos mais gostam de fazer na atualidade: usar as tecnologias de informação (orkut, MSN, YouTube, facebook, games, blogs)? Isso mesmo, usar a internet como fonte de pesquisa e construção do conhecimento em Artes Visuais. Para isso, pensei em (re)organizar um dos meus blogs (Projeto Ler é Arte). Já havia um começo de articulação entre as diferentes Artes nesse espaço, porém ainda sem um foco muito definido. Penso que agora, explicitando o seu uso como Objeto de Aprendizagem, ele possa crescer e auxiliar na construção do aprendizado em Artes Visuais. Uma das vantagem que vejo no uso desse espaço como Objeto de Aprendizagem é a comunicação direta, os alunos podem criar seus próprios espaços a partir dali, criando uma rede de blogs que dialogam sobre a Arte.
O melhor de tudo isso é que o blog pode ser além de muito prazeroso e divertido uma fonte de informação riquíssima com links, fotos, vídeos, tutoriais, dicas diversas, fóruns, fotografias, desenhos... Um espaço aberto, que ao mesmo tempo que está ancorado no presente, é uma possibilidade para o futuro e pode ir se atualizando constantemente.


A ideia está amadurecendo... Gostaria de saber se é possível e de sugestões. Podem acessar o blog e até criticar, sugerir, coolaborar... http://projetolerearte.blogspot.com/


Comentário da Profª Umbelina:

"Olá, Sonia Maris!

O caminho é esse e tua compreensão está correta, inclusive muitos professores se utilizam de espaços semelhantes para construir um "microuniverso" que possa corresponder a necessidade de ampliação do professor, que está constantemente a ser gerada pelas expectativas de seus alunos.

Considero que a tua organização/coleção corresponde ao que se esperaria de uma "biblioteca" de um professor muito aplicado e que sabe que precisa sempre pesquisar e inovar.

Sugiro que continues a tua elaboração, pois ela certamente será a geradora de um excelente Trabalho de Conclusão de Curso, entretanto, o que estamos trabalhando agora é um pequeno "recorte" disso, mas, talvez já seja interessante que possa funcionar como uma célula deste "microuniverso" que estás criando.

Então, com o título "Ler é arte" faça uma escolha que seja significativa, tanto em relação a este microuniverso que está sendo gerado por ti, como para a motivação que já geraste em tua turma e que foi relatada na narrativa "Em minha sala de aula".

O mais importante neste momento é compreenderes e conseguires fazer um recorte que possa também ser utilizado por um outro professor em sua sala de aula, mas, como uma célula a ser articulada a outras células não definidas por ti e que poderão conter outras questões relacionadas a leitura ou a arte ou mesmo a leitura como arte ou a arte da leitura, enfim o trabalho é agora estritamente elementar, pois o que temos que nos apropriar é desta "célula inicial" que define justamente o que é um objeto de aprendizagem.

Quero que compreendas o que estou te dizendo em um sentido muito positivo, pois o teu blog contém, e em profusão, muitos "objetos de aprendizagem", pois ele está construído como um "repositório" de objetos de aprendizagem ordenado por um professor que privilegia a leitura/arte.

É certo que desta "coleção ordenada" sairá um TCC (final do curso) excelente e também é certo que desta mesma coleção poderás elaborar uma parcela "mínima e completa" para a atividade solicitada nesta etapa.

Parabéns!"

sábado, 26 de junho de 2010

Fronteiras Digitais 1

Contribuição para que possamos refletir a respeito de nossas práticas educacionais, esse vídeo nos mostra um pouco do que vivem hoje boa parte dos alunos, dos professores, das escolas e da sociedade como um todo. Espero que gostem.

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Objeto de Aprendizagem

Estamos elaborando um projeto para a utilização de Objetos de Aprendizagem (OA) para utilização nas aulas de Artes Visuais. Não tenho muita certeza de que Objeto vou utilizar. Tenho algumas ideias mas por enquanto nada confirmado. Também não sei se ele será criado por mim ou será feito a partir de um "projeto" meu e uma elaboração em parceria com outros profissionais...Tudo ainda é meio incerto. Em processo...


Um dos instrumentos disponibilizados é uma apresentação em PowerPoint da criadora do conceito, professora da UFRGS, Liane Tarouco, que trata mais especificamente da questão da avaliação dos OA.
Disponível em< http://penta2.ufrgs.br/edu/objetosaprendizagem/sld001.htm> acesso em 25/06/10.

sábado, 19 de junho de 2010

Para pensar

“Cada vez que ensinamos algo a uma criança
estamos impedindo que ela descubra por si mesmo,
por outro lado, aquilo que permitimos que ela descubra por si mesmo permanecerá com ela.” Jean Piaget

Objetos de Aprendizagem

http://www.cinted.ufrgs.br/CESTA/cestadescr.html

http://objetoseducacionais2.mec.gov.br/


"A expressão objetos de aprendizagem pode ser entendida como recursos digitais que apresentam atividades multimídia, interativa, na forma de animações e simulações. São configurados como blocos de conteúdo educacional que podem apresentar uma certa independência, mas isso não pressupõe que não possam ser articulados a outros objetos. Esta configuração contribui, quando inserida numa proposta pedagógica, para romper com a idéia de construção de conhecimento numa perspectiva linear."

Dicas da colega Lauralice de sites sobre Objetos Educacionais. Valeu Laura!

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Senso comum

“Precisamos estar atentos para o fato de que no dia-a-dia da escola repetimos discursos e práticas que, longe de questionar os modelos dominantes, representam um reforço deles”.
Selecionei esse fragmento do texto do professor Gadin para tentar entender melhor a questão do senso comum na educação.
Acompanhem meu raciocínio:
Quantas vezes acabamos fazendo e dizendo o mesmo que “todo mundo” para evitar chamar a atenção para nós mesmos?
Quantas vezes aceitamos determinações que nos parecem injustas para evitar o confronto?
Quantas vezes nos escondemos e não dizemos o que realmente pensamos por medo, insegurança ou até para não sermos rotulados de “reclamões”?
Quantas vezes deixamos uma pergunta sem resposta?
Quantas vezes gostaríamos de perguntar e nos calamos?
Quantas vezes fazemos de conta que estamos de acordo, mas no fundo pensamos o contrário?
Quantas vezes nosso discurso vai num sentido e nossa ação no sentido contrário?
Será que nos damos conta de que talvez estejamos fazendo exatamente aquilo que tanto criticamos?
Não tenho as respostas, só suspeitas...
Namastê
Sônia Maris

domingo, 6 de junho de 2010

O Manifesto - Bertold Brecht

“A casa não é destinada a morar, o tecido não é disposto a vestir,
O pão ainda é destinado a alimentar: ele tem de dar lucro.
Mas se a produção apenas é consumida, e não é também vendida
Porque o salário dos produtores é muito baixo – quando é aumentado
Já não vale mais a pena mandar produzir a mercadoria –, por que
Alugar mãos? Elas têm de fazer coisas maiores no banco da fábrica
Do que alimentar seu dono e os seus, se é que se quer que haja
Lucro! Apenas: para onde com a mercadoria? A boa lógica diz:
Lã e trigo, café e frutas e peixes e porcos, tudo junto
É sacrificado ao fogo, a fim de aquentar o deus do lucro!
Montanhas de maquinaria, ferramentas de exércitos em trabalho,
Estaleiros, altos-fornos, lanifícios, minas e moinhos:
Tudo quebrado e, para amolecer o deus do lucro, sacrificado!
De fato, seu deus do lucro está tomado pela cegueira.
As vítimas
Ele não vê.
[...] As leis da economia se revelam
Como a lei da gravidade, quando a casa cai em estrondos
Sobre as nossas cabeças. Em pânico, a burguesia atormentada
Despedaça os próprios bens e desvaira com seus restos
Pelo mundo afora em busca de novos e maiores mercados.
(E pensando evitar a peste alguém apenas a carrega consigo, empestando
Também os recantos onde se refugia!) Em novas e maiores crises
A burguesia volta atônita a si. Mas os miseráveis, exércitos gigantes,
Que ela, planejadamente, mas sem planos, arrasta consigo,
Atirando-os a saunas e depois de volta a estradas geladas,
Começam a entender que o mundo burguês tem seus dias contados
Por se mostrar pequeno demais para comportar a riqueza que ele
próprio criou.”

(BRECHT, Bertolt. O manifesto. Crítica marxista, São Paulo, n. 16, p.116,
mar. 2003.)

sábado, 5 de junho de 2010

Bertold Brecht

Impossível falar em Brecht sem pensar em teatro. Maria Farrar, Galileu Galilei, Antígona, A alma boa de Set Suan, Mãe Coragem (e seus Filhos), Senhor Puntila e seu criado Matti... Para quem não sabe, boa parte delas encenada em Porto Alegre, no Porto em Cena ou na Terreira da Tribo.

Quem quiser assistir um fragmento de uma de suas peças, Maria Farrar, encenada com bonecos por um grupo de Porto Alegre, pode acessar o site
http://www.youtube.com/watch?v=kYK38BZthdM

Impossível falar de Brecht sem pensar em seus textos memoráveis.
Gosto de seu estilo provocador. Trabalho alguns deles com meus alunos adolescentes...
Quem quiser pode ouvir alguns fragmentos de textos interpretados pelo Antônio Abujamra no site
http://www.tvcultura.com.br/provocacoes/poemas?search=brecht&by=author


"Nada é impossível mudar
Desconfiai do mais trivial,
na aparência singelo.
E examinai, sobretudo, o que parece habitual.
Suplicamos expressamente:
não aceiteis o que é de hábito como coisa natural,
pois em tempo de desordem sangrenta,
de confusão organizada,
de arbitrariedade consciente,
de humanidade desumanizada,
nada deve parecer natural
nada deve parecer impossível de mudar. "
Quanto ao texto de Brecht, penso que o ontem e o hoje se aproximam, infelizmente, em muitas coisas.
Penso no embargo a Faixa de Gaza; penso no derramamento de petróleo no Oceano Atlântico; penso nas inúmeras guerras silenciosas travadas diariamente; penso na falta de direitos mínimos da população mundial ocultada pela "festa" do futebol; penso nos trabalhadores amontoados diariamente dentro de transportes públicos por horas a fio indo de um lado a outro, desperdiçando suas vidas; penso nas horas que passamos diante dos nossos computadores, acreditando que podemos fazer a diferença, mas não fazendo absolutamente nada de concreto para que isso aconteça... São inúmeros pensamentos e pouquíssima ação.
Brecht deve estar se revirando no túmulo...

sexta-feira, 4 de junho de 2010

reflexão maio


Outro dia uma colega querida me disse "baixaste tua produção de postagens".
É verdade! A mais pura e sincera verdade.
Tenho me ausentado dos fóruns e das discussões. E essa ausência é intencional.
Tenho me dedicado a outros coisas que também amo e que andavam relegadas a um segundo plano desde que comecei o curso de Artes Visuais.
E ao me afastar dessas coisas, essa já não era mais eu.
Preciso da literatura como do ar que respiro.
Sentia-me angustiada com algo e nem sabia direito o que era.
Descobri: faltava-me a literatura.
Recoloquei as coisas nos seus devidos lugares.
Voltei a ler com a mesma habitual voracidade de antes.
Sinto-me viva novamente.
Se a escrita anda pouca é por esse motivo.
Estou divagando nos meus livros.
Sinto muito por aqueles que gostavam de minhas intervenções nos fóruns.
Fechei para balanço.

Namastê
Sônia Maris

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Retrato Falado

Vejam que coisa mais bacana que eu descobri nas "andanças" pela web: um desenhista de retratos falados da polícia fazendo retratos falados de personagens da literatura a partir da descrição de seus leitores na FLIP. Muito bom!
Lembra "O perigo da história única" da Chimamanda...

Aqui o desenhista "burocrático" se descobre um artista. Genial!
Apreciem com seus próprios olhos...


terça-feira, 1 de junho de 2010

Cansaço...


O que há em mim é sobretudo cansaço

O que há em mim é sobretudo cansaço
Não disto nem daquilo,
Nem sequer de tudo ou de nada:
Cansaço assim mesmo, ele mesmo,
Cansaço.

A sutileza das sensações inúteis,
As paixões violentas por coisa nenhuma,
Os amores intensos por o suposto alguém.
Essas coisas todas -
Essas e o que faz falta nelas eternamente -;
Tudo isso faz um cansaço,
Este cansaço,
Cansaço.

Há sem dúvida quem ame o infinito,
Há sem dúvida quem deseje o impossível,
Há sem dúvida quem não queira nada -
Três tipos de idealistas, e eu nenhum deles:
Porque eu amo infinitamente o finito,
Porque eu desejo impossivelmente o possível,
Porque eu quero tudo, ou um pouco mais, se puder ser,
Ou até se não puder ser...

E o resultado?
Para eles a vida vivida ou sonhada,
Para eles o sonho sonhado ou vivido,
Para eles a média entre tudo e nada, isto é, isto...
Para mim só um grande, um profundo,
E, ah com que felicidade infecundo, cansaço,
Um supremíssimo cansaço.
Íssimo, íssimo. íssimo,
Cansaço...

Álvaro de Campos
(heterônimo de Fernando Pessoa)