Caixa de Pandora

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

O melhor mundo possível



Acredito que o que nos diferencia dos animais é a capacidade de pensar, sentir e expressar nossos sentimentos através da linguagem. Penso que foi basicamente isso que nos levou a criar ferramentas indispensáveis para sairmos da era das trevas e nos inserirmos no mundo da cultura. Evoluímos vertiginosamente. De tempos em tempos, mesmo que muitos não aceitem imediatamente damos saltos tecnológicos impressionantes que nos capacitam a resolver problemas de toda ordem. A tecnologia da informação (TIC) é uma dessas ferramentas criadas pelo gênio humano. Diria até que muito mais do que simplesmente uma ferramenta, a tecnologia da informação, com seus múltiplos usos, pode ser considerada uma nova linguagem e quem não consegue dominá-la minimamente está sendo privado de uma gama de conhecimentos que poderiam auxiliar na construção de uma vida melhor.

As TICs facilitam a comunicação, aproximam pessoas de diferentes regiões do planeta, conectando-as e possibilitando que trabalhem de forma cooperativa em diferentes projetos de forma imediata e simultânea. Idéias são feitas para circularem, quando mais, melhor. Mesmo que a tecnologia não resolva todos os nossos problemas, hoje em dia, é impensável vivermos sem acesso a rede mundial de computadores. Vejo a Internet como uma fonte de pesquisa acessível, com uma pluralidade de idéias e valores que possibilitam um crescimento pessoal muito acelerado. Preconceitos são rapidamente derrubados, notícias são acessadas em tempo real, vivemos um tempo de conexão total, seja pelos celulares, cada dia mais equipado, seja pelos notebooks ou pelos PCs nas salas de informática.

Estamos longe do mundo ideal. As desigualdades ainda são muitas e algumas dificuldades são inerentes a qualquer processo. O acesso ao mundo digital, infelizmente, ainda é um privilégio de poucos. Muito já se avançou nesse sentido, porém ainda estamos longe do que pode ser considerado o ideal. As questões que contribuem para esse atraso tecnológico são muitas e vão do mais simples ao mais complexo. Temos desde a mais elementar falta de energia elétrica estável nas escolas até a mais ampla falta de redes wireless que possibilitaria a conexão Internet sem fio, e esses são apenas alguns dos impedimentos da democratização do acesso à tecnologia digital.

O professor nesse labirinto de dificuldades vai driblando os problemas à medida que surgem. Faz muito com o que lhe é disponibilizado, faz pouco frente ao que se sonha. O que não podemos é ficar paralisados diante dos obstáculos. Sempre podemos achar um caminho para possibilitar aos nossos alunos o acesso ao mundo digital. Se não a todos o tempo todo, pelo menos de forma gradual e escalonada a pequenos grupos nas salas de aula. Não existindo uma sala de informática ideal, podemos levar nossos notebooks para a sala de aula e possibilitar que aos poucos os alunos se familiarizem com a ferramenta e as possibilidades que ela abre. Também é possível conectar nossos notebooks com Internet 3G a um monitor de TV com uma tela maior para que todos possam acompanhar algum site interessante, um trailer de um filme, uma pesquisa em uma galeria de imagens, visitar algum museu virtual... As possibilidades são imensas, desde que se tenha um pouco de boa vontade e alguma disponibilidade de tempo.

Não se trata de desprezar todo o trabalho presencial e concreto utilizado até então pelos professores, mas de potencializar os diferentes recursos a nossa disposição para que as aulas sejam mais criativas, dinâmicas e significativas para nossos alunos. Penso, hoje, ser perfeitamente possível aliar o concreto ao virtual, o objetivo ao subjetivo, questões de leitura e interpretação de textos escritos ou visuais com o mundo vivido pelo aluno, seja ele de uma grande capital como Porto Alegre ou de uma pequena cidade da periferia como Alvorada. A tecnologia nos permite ultrapassar algumas barreiras que até bem pouco tempo pareciam intransponíveis. O uso significativo e de qualidade de todo esse aprendizado adquirido tanto na nossa experiência concreta, real, palpável quanto no curso de Artes Visuais, virtual e a distância depende de nossa capacidade de perceber tanto as necessidades de nossos alunos quanto às seqüências didáticas que podemos trabalhar em cada nível, fazer a devida transposição didática, adequando o apreendido aos objetivos específicos de cada grupo de alunos de cada etapa de desenvolvimento desses mesmos alunos. Penso que tendo um mínimo de clareza do que desejamos e estando abertos a mudar e ajustar sempre que houver necessidade estaremos muito próximos de conseguirmos que nossos alunos se interessem por arte tanto quanto se interessam por outros conhecimentos presentes na escola e fora da escola. O limite entre o sucesso e o fracasso pode ser tão tênue quanto uma bolha de sabão. É uma tarefa bastante difícil, mas, como já falamos em outros espaços, não é impossível.

terça-feira, 26 de outubro de 2010

56ª Feira do Livro de Porto Alegre

Em tempos de leituras de imagens, da muita leitura de material disponibilizado via internet...dá uma saudade louca do papel...do bom é velho livro tradicional...
Então a dica da semana, melhor, a dica do mês de novembro que está para começar são os 15 dias de Feira do Livro...Eu vou me esbaldar de tanto andar pelas barracas da Feira...Leio tudo que me cai nas mãos... compro algumas preciosidades nos balaios...assisto shows...revejo bons amigos...curto as flores dos jacarandás...tomo um chimarrão sentada ao lado do Mario e do Drummond...sou viciada em Feira do Livro. Quem quiser saber mais sobre a Feira entra no site da Feira do Livro e confira a programação.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Como Apreciar a Arte

"Ver é uma aprendizagem como qualquer outra. Só se vê aquilo que se olha."

(Armindo Trevisan)

O livro que estamos estudando em Leitura da Imagem: “Como apreciar a Arte” de Armindo Trevisan está on-line pelo Google Books. Fica como sugestão para leitura nas férias...

Por enquanto o jeito é ler as sínteses disponibilizadas pelas professoras e tutoras dentro do ambiente MOODLE.

Outra opção, para aqueles que, assim como eu, adoram um papel, só que bem menos acessível, é comprar o livro. Na Cultura do Bourbon Country custa R$49,00, se tiverem o cartão MaisCultura tem desconto. Porém, em tempos de ecologia a pleno e economia dos nossos parcos recursos, fico com o digital mesmo.

domingo, 24 de outubro de 2010

Pedra, flor e espinho

inspiração para poesia concreta...

70 Milllion- Tranformações



Qual o artista que aparece no início no meio e no final do video?

Confesso de que de início não havia percebido a “Noite Estrelada...” no fundo a primeira imagem...Somente depois da colega Lauralice atentar para esse fato é que olhei com mais atenção...Julgava que o céu aparente era sem intenção. Ledo engano! Ao que parece, nada em se tratando de arte é por “acaso”, tudo que compõe uma obra de arte é intencional, e como tal, esse céu não estava ali por acaso... Que bom! Aprendemos com isso a ter mais atenção e também que as percepções nem sempre são as mesmas...e que devemos respeitar essas diferentes percepções e tentar aprender com elas.

As obras de Vicent Van Gogh que aparecem no início , meio e fim do vídeo “70 million” são:

"Noite Estrelada sobre Ródano"-1888

"Quarto em Arles" – 1888

"Vaso com Doze Girassóis" - 1888

"Autorretrato com a Orelha Cortada" – 1889

Ao separar as obras deste artista verifica-se que todas foram realizadas no mesmo ano e tratam de temas muito distintos. Qual a transformação que está sendo anunciada pelo conjunto destas obras?

Ou, o que poderiam significar estas obras em relação a existência do ser humano?

As características que aparecem nessas obras anunciam rupturas de representação, antes ditadas pela burguesia, sob influência do meio político, religioso e cultural. Com o advento da Revolução Industrial e dos movimentos sociais, os artistas manifestam-se através de suas obras, demonstrando seus anseios e sentimentos, com estilos diferentes, porém buscando sempre a liberdade de expressão e de criação artística. Van Gogh era um homem do seu tempo, vivia intensamente, de forma arrebatadora, seus des-amores, as brigas com a família, os amigos, a incompreensão, a mutilação, as angústias, a “loucura” e o suicídio...

Encontre as obras que correspondem a década de 60, que marcam justamente o movimento de contracultura, definindo uma nova transformação cultural - estariam significando outro renascimento? Que renascimento é este? E como foi desdobrado este novo renascimento dentro do video?

Creio que as duas grandes obras representadas nessa linha do tempo que marcam profundas mudanças conceituais na história da arte e da cultura ocidental são “O filho do homem” de René Magritte, representante do Surrealismo, exploração da arte pelo inconsciente, do homem anônimo que se apresenta diluído em um mundo que já não se compreende mais, que questiona os valores impostos pela sociedade industrial que massifica e despersonaliza os seres humanos transformando-os em seres sem rosto, sem identidade; e a obra “Marilyn Monroe” de Andy Warhol, representante da Contracultura, através da Pop Art - questionava arte, mídia e consumismo. Apontando uma nova forma de ser e se relacionar com o mundo e com as “coisas”.

Qual a figura central desse outro renascimento? Relacione as obras em que esta figura aparece como centro.

De forma diferentes, creio que ambos artistas buscam o resgate do humano, do retorno ao que deveria ser o mais importante: o humano que ainda existe em cada um de nós, sem máscaras, sem subterfúgios, sem que nos tornemos “mais um” na massa de iguais, mas que sejamos únicos, diferentes, um ser “ímpar”.

Bem, toda a nossa conversa neste forum enfatiza a presença da arte no mundo como constituída pelo seu próprio tempo, ou como diz Merleau-Ponty "a arte é por um lado um ato essencialmente poético e por outro é uma escolha do artista condicionada temporalmente".

Queremos enfatizar com isso a importância da arte no desenvolvimento do ser humano aliada a reflexão sobre o desenvolvimento do ser humano no mundo.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Cronos, o inexorável


"Cronos devorando um de seus filhos"
Goya, 1819-1823

Tempo sempre foi um artigo muito caro...
Hoje, mais ainda, onde a urgência dessa vida pós-moderna atropela a todos de forma desumana.
Penso na metáfora que essa obra de Goya mostra de maneira muito explícita e na forma como venho me sentinho ultimamente: impotente, frustrada, cansada, sendo devorada pelo tempo implacável...
Não curto mais as coisas que sempre gostei...
Não faço mais coisas que me davam um prazer imenso...
Só trabalho, estudo, trabalho, estudo... ad infinitum
Mesmo o estudo, fonte inesgotável de prazer, anda sem sentido em função de sua velocidade...
Penso se não foi um erro...
Penso em desistir...
Penso em sumir...
Resta-nos a esperança de que Geia apareça e coloque uma pedra na boca de Cronos...
Quem sabe Zeus pode nos salvar?



Poemas Visuais_2



Não sei de quem é o poema acima... copiei, colei, inverti as cores e ele ficou bem mais interessante... Gosto do símbolo... e do tema...

domingo, 17 de outubro de 2010

Poemas visuais


"Cromossomos" Arnaldo Antunes

Está ai uma coisa que eu gosto muito: literatura.
Amo ler...tudo que me cai nas mãos ou nos olhos...hihihih
A tarefa dessa semana tem um sabor todo especial.
Falar sobre POESIA VISUAL e produzir poesia visual vai ser bem legal.
Trabalho com meus alunos poesia visual. Ele também gostam muito.
Vamos lá...mãos à obra.

P.S. Postei alguma coisa sobre esse assunto há algum tempo no meu blog pessoal.

Leitura...sempre a leitura


Interior com menina que lê, 1876-86
Henrique Bernardelli ( Brasil, 1858 – 1936)
óleo sobre tela, 95 cm x 73 cm
Museu de Arte de São Paulo

sábado, 16 de outubro de 2010

Objeto significativo 2:gafa, verre, óculos...


(imagem da net, fonte desconhecida)

Gafa, de origem incerta, refere-se mais exatamente à armação dos óculos. Designava também “peça de metal para fixar dois objetos”, “instrumento para armar a corda da besta”, “ganchos para içar material nas construções”. Já se vê que o nome designa artefatos para segurar coisas.

Verre quer dizer “vidro” em Francês; ocorreu aqui exatamente o mesmo que em Inglês, onde os óculos são chamados de glasses, “vidros”. No caso, o material acabou designando o objeto inteiro.

E “óculos” vem do Latim OCULUS, “olho”.

A explicação para essas diferenças é que, mesmo esses idiomas sendo de origem latina, não há obrigatoriedade de cada palavra se originar do mesmo termo em Latim. Aliás, nem mesmo que todos os termos venham do Latim, como quase certamente é o caso de gafas.

Muito interessante a pesquisa etimológica da palavra óculos... Rendeu!

sábado, 9 de outubro de 2010

Objeto significativo



esboço do objeto significativo... desenhos avulsos



possibilidades de composição 01
(com os desenhos mesclados)




possibilidades de composição 02
(descobri que os desenhos deveriam ficar separados...que pena!)

"O olhar é sempre virtualmente louco:
é ao mesmo tempo efeito da loucura."
Roland Barthes



segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Mapa 70 Millions (em processo 02)

O Mapa Conceitual a ser elaborado a partir do vídeo "70 Millions" da banda Hold Your Horses está em processo de construção...
Quem tiver vontade ou tempo disponível para isso pode ir acompanhando os progressos no lik abaixo:
Tempo e Desenvolvimento na História da Arte

domingo, 3 de outubro de 2010

Tempo...

"Jardim de Infância" Lia Manna Barreto

Olá, professora Maria Helena!

Quero agradecer as palavras de carinho e incentivo que tens dedicado a todas nós, estudantes de Artes Visuais. Tenho convicção de que são esses pequenos gestos que nos estimulam e fazem prosseguir apesar de todos os percalços.

Difícil responder ao questionamento sobre o tempo que levei para fazer essa leitura. Tudo na vida demanda tempo... muito tempo.

Penso no tempo “relógio” e poderia dizer que foram duas semanas...

Penso no tempo “psicológico” e poderia dizer que desde eu vi a imagem não parei de pensar nela...

Penso no tempo “relativo”, aquele do Einsten, e posso dizer que quando fazemos uma coisa que realmente gostamos e estamos profundamente interessados e envolvidos arrumamos tempo onde antes não existia, e que esse mesmo tempo dedicado a alguma tarefa pouco motivadora pode parecer um dos círculos infernais de Dante.

Penso também no tempo que “escolhemos”, ou que nos escolhe, como preferir, e nesse momento, penso nas minhas colegas que, assim como eu, têm que fazer escolhas de tempo nem sempre justas: dar atenção a um filho que chora ou fazer a atividade da semana de Gestão? Fazer um bolo para esperar uma amiga que precisa de um ombro amigo ou terminar o CMaps? Tomar um chimarrão com o marido que está se sentindo abandonado ou participar de um fórum sobre Objetos de Aprendizagem? Ajudar a colega do curso nas madrugadas no MSN ou dormir uma hora a mais que vai fazer falta amanhã quando estiver trabalhando? Ir a Sala dos Pomares ver a exposição “Silêncios e Sussurros” ou analisar as imagens digitais de ACAI? Terminar de ler um livro ou conversar no telefone com o sobrinho que não vemos há meses? Escrever esse texto e enviar ao fórum ou passar batido e fazer outras tarefas sempre urgentes e importantes? Falar ou silenciar... Escolhas difíceis... Necessárias, mas sempre difíceis.

lembro que o primeiro texto do curso foi sobre "como administrar o tempo". Sei que nós fazemos nossas escolhas, sei que priorizamos algumas coisas que nesse momento parecem mais importantes para nossas vidas, mas algumas vezes essas escolhas me parecem injustas...

“(...)Vivemos um tempo de gestos avulsos e de uma solidão que nos é servida sempre.

Vivemos um tempo de cálculo, de facas e agendas.

Vivemos um tempo onde não há mais tempo para além da urgência.

O que há de humano em nós, o que sobrevive, dói. (...)” M.R.

Namastê

Sônia Maris

sábado, 2 de outubro de 2010

"Silêncios e Sussuros"

Tarde fria em Porto Alegre. Lugar comum...
Tarde gelada em Viamão.
Nosso clima condiciona nosso espírito... "Silêncios e Sussoros".
Amo os dias frios, chuvosos ou com neblina... trazem um silêncio, uma tranquilidade serena.
Estamos em um lugar espetacular. Aqui só ouvimos o canto dos pássaros e o vento passando pelos eucaliptos... Dentro e fora do prédio, grande, espaçoso, iluminado. Iluminada foi a artista que criou esse espaço, lugar de guarida de tantas obras de arte: Vera Chaves Barcellos. Fundação Vera Chaves Barcellos.
Abaixo uma pequena mostra do que pode ser encontrado nesse lugar mágico.
Essa exposição fica até o final do mês de outubro.


Kunst bar...


Leitura da imagem: Puberty, Edvard Munch


Edvard Munch. Puberty. 1894. Oil on canvas. 151.5 x 110 cm.
Nasjonalgalleriet, Oslo, Norway.

Leitura da Imagem segundo Feldmann

Descrição da obra:

A obra apresenta uma figura humana com longos cabelos, com as mãos cruzadas sobre os joelhos, em um ambiente interno, sobre uma superfíce branca-azulada que cobre um móvel escuro. A parede é amarelo-ocre. As pinceladas são aparentes e nas cores amarelo-ocre, castanhos, branco com nuances de azul.

Análise formal:

A figura humana nua apresentada na imagem ocupa o primeiro plano da tela, numa composição de cores claras que variam do amarelo claro, passando pelo amarelo Nápoles chegando muito próximo do branco, dando luminosidade à imagem. A figura humana está centralizada e apoiada sobre o móvel, que parece ser uma cama, com os braços para frente do corpo, cruzando-se a altura do sexo e as mãos postadas à altura dos joelhos, uma sobre a perna direita e outra pelo lado de dentro do joelho esquerdo. As pernas encontram-se juntas e levemente dobradas, os pés também juntos estão virados para frente, sendo que o pé direito está cobrindo levemente parte do pé esquerdo. A figura é magra, com braços finos e compridos em relação ao corpo, os ombros estão arqueados, um completamente visível e outro coberto levemente por alguns fios dos cabelos longos, escorridos e desalinhados. No rosto o que chama a atenção são os olhos abertos e escuros, além da coloração amarelada nos mesmos tons da parede.

A luz do ambiente incide da esquerda para a direita. Podemos observar isso pelas sombras que são visíveis no pescoço, na perna e nos braços da figura humana.

A seguir podemos observar que a imagem se divide em três faixas horizontais bem demarcadas:

Na parte de baixo da imagem uma faixa escura delimita a linha do chão, num castanho-escuro, e logo acima no móvel, em tons também castanhos, porém levemente avermelhados.

Na parte superior da imagem vemos parte de uma parede amarelo ocre, com alguns pontos escuros avermelhados e castanhos escuros. Além disso, uma mancha escura, grande e inclinada, que se projeta a partir da figura humana, em direção a parte superior direita da imagem, chama a atenção.

Cortando esses dois espaços, aproximadamente ao meio da imagem, temos uma faixa clara, branco-azulada, provavelmente os lençóis de uma cama, que atravessa toda a tela, dividindo os dois espaços: chão e parede. Nas bordas do fundo dessa faixa branca também aparecem sombras enegrecidas castanho escuro.

A mancha escura que se projeta a partir da figura humana em direção ao fundo da imagem, produz um contraste com a claridade da figura humana. As pinceladas marcadas e sobrepostas são tortas, disformes, contorcidas e formam um volume que desequilibra o restante da imagem.

Interpretação:

A partir da observação dos elementos visíveis na imagem podemos chegar a algumas hipóteses sobre a mesma. A nudez da figura humana associada à posição dos braços, mãos e pés, leva-nos a pensar em uma adolescente que ao mesmo tempo em que se mostra, através de sua nudez, no desabrochar da juventude, esconde seu sexo, numa atitude de certo pudor. A jovem, em sua magreza e claridade, no desalinho dos cabelos, no vacilar entre sair ou não da “cama”, cuja brancura pode representar sua pureza, parece ainda não estar pronta para a nova etapa, embora os olhos bastante abertos e escuros demonstrem que ela deseja isso.

As três faixas marcadas da horizontal podendo representar as etapas da vida: infância, adolescência e vida adulta, ou talvez, nascimento, vida e morte. Sendo que a jovem se equilibra muito precariamente sobre a faixa branca (infância) e já ensaia um passo na faixa escura (adolescência), com todos os seus mistérios e possibilidades, um mundo a ser desvendado, descoberto, amedrontador.

A grande mancha escura que se projeta a partir da jovem chama mais a atenção do que todo o restante da imagem, e pode representar a presença inexorável da morte, que nos acompanha desde o nascimento e que vai ficando cada vez mais próxima a cada dia que vivemos.