Caixa de Pandora

sábado, 5 de novembro de 2011

Ver o Som, Ouvir Imagens




Sonic Pavilion, de Doug Aitken

“Ver o Som, Ouvir Imagens”¹

Como de costume, nas disciplinas do curso de Artes Visuais, somos levadas a pensar de forma diferente do que estamos acostumadas. Cada nova tarefa disponibilizada é um desafio (desculpem-me a redundância, mas creio que já devo ter falado sobre isso). Muitas vezes resistimos às tarefas em função de nossa formação anterior ainda calcada em uma lógica linear e totalmente disciplinada, “cada coisa na sua gavetinha”. Então, quando surge uma provocação, em forma de tarefa, que nos obriga a sair da nossa zona de conforto, em geral, ficamos totalmente perdidas. Ficar perdida, por um lado, pode ser muito bom. Digo isso por que “estar perdido” é descobrir-se sem as respostas, descobrir que estamos vivos e que ainda podemos nos surpreender. Surpresas que podem nos levar a pensar, a re-pensar, a reavaliar nossas crenças, nossa forma de ver o mundo e a nós mesmos.

Chega de divagar, vamos ao que realmente interessa aqui: os “sons que vemos e ouvimos”. Quando li a tarefa, fechei meus olhos e tentei ouvir o silêncio. Óbvio que não consegui. Não há silêncio absoluto. John Cage pesquisou o silêncio e compôs uma obra, no mínimo inusitada, 4’: 33’’, em que obrigava os ouvintes a escutarem esse silêncio. Sempre ouvimos algum som, seja ele uma bela melodia ou um ruído desagradável oriundo da poluição sonora a que somos submetidos em nosso ambiente. Gritos, sussurros, vento, mar, cantoria de pássaros, automóveis, sirenes de escola, risos, choros, aparelhos domésticos, a água escorrendo no chuveiro, latidos de cachorro, o som dos nossos batimentos cardíacos (vocês ouvem?) ou da própria respiração... Sempre estamos envolvidas por sons, porém não prestamos muita atenção a eles. Creio que somos mais visuais do que sonoros. Valorizamos mais as imagens do que os sons, tanto que sublimamos a sua presença.

Vamos lá! Aceitando a provocação, vamos a construção do projeto que contemple as atividades. Como fazer um mural musical? Como fazer uma partitura visual? Não faço a mínima ideia, mas, desafio é para isso mesmo. Tentar realizar o que não se sabe muito bem. Começo pensando em imagens, imagens que eu podem evocar sons. Que sons seriam esses? Lembrei de Inhotim. Da sensação de estar em um espaço em que estávamos envolvidos sensorialmente não apenas pelas imagens das obras e da natureza mas, principalmente, pelas sonoridades que vinham de todos os lados. Uma das obras em Inhotim que se pautavam justamente pela questão sonora e, também, uma das mais instigantes para nossa imaginação era a Sonic Pavilion, de Doug Aitken. Essa obra captava, através de microfones a 202 m de profundidade, os Sons da Terra. Ouvir o que parecia não fazer nenhum barulho, sensibilizar nossos ouvidos à escuta atenta de coisas inimagináveis. Inhotim, como diz a propaganda, é impressionante. Por vários motivos. E ela que me inspira a realizar a tarefa dessa semana. É a partir das imagens captadas em Inhotim que pensarei meu Mural Musical e minha Partitura Visual.

Referências:

¹ “Ver o Som, Ouvir Imagens” nome apropriado de Argentino Neto, disponível em http://ideiasemarteeducacao.blogspot.com/2010/01/ver-o-som-ouvir-imagens-consideracoes.html



Vídeos de Johns Cage

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