PROJETO LER É ARTE: AS DIFERENTES LINGUAGENS DA ARTE
Sônia Maris Rittmann[1]
Resumo: Esse artigo é uma reflexão sobre as
diferentes linguagens da Arte presentes nos 10 anos do Projeto Ler é Arte.
Pretende-se aqui enfatizar o processo de ensino e da aprendizagem em artes visuais
baseado na experiência concreta do pensar-fazer-contextualizar arte em sintonia
com as vivências e poéticas pessoais dos alunos e professores.
Palavras-chave: arte, educação, ensino e aprendizagem, linguagens, leitura
INTRODUÇÃO
“Toda
linguagem artística é um modo singular de o homem refletir – reflexão/reflexo –
seu estar no mundo”.
(Miriam Celeste Martins)
O presente
pré-projeto pretende se debruçar sobre as diferentes linguagens da arte,
desenvolvidas a partir do Projeto Ler é Arte, realizado há 10 anos na EEEB
Profº Gentil Viegas Cardoso, em Alvorada-RS.
Figura 1 – Desenho à lápis de cor
Fonte: aluno Gabriel, 2011
DESENVOLVIMENTO
Quando falamos
em linguagens, devemos lembrar que o homem é um ser simbólico, e como tal,
capaz de criar símbolos, que têm a função de ordenar e interpretar o mundo em
que vive. Usamos a linguagem, verbal e não-verbal, para nos expressar e
re-ordenar o mundo a nossa volta. Dito de outra forma é através da linguagem
que interagimos com o outro e com o mundo. Nas palavras de Miriam Celeste
Martins:
(...)nossa
penetração na realidade, portanto, é sempre mediada por linguagens, por
sistemas simbólicos. O mundo, por sua vez, tem o significado que construímos
para ele. Uma construção que se realiza pela representação de objetos, ideias e
conceitos que, por meio dos diferentes sistemas simbólicos, diferentes
linguagens, a nossa consciência produz.¹
Pensar a arte-educação, a
partir da experiência concreta do Projeto Ler é Arte², pretende ser um
debruçar-se com um olhar aprofundado sobre o ensino-aprendizagem em artes
visuais, mais especificamente, seguindo a proposta triangular de Ana Mae
Barbosa³, sobre a criação, percepção e conhecimento histórico e cultural das
artes visuais; sobre as relações estabelecidas entre as diferentes linguagens –
teatro, dança, fotografia, escultura, desenho, poesia, instalações, videoarte,
cinema, etc. - desenvolvidas pelos alunos durante o Projeto.
A
arte é criação das linguagens – visual, musical, cinema, dança, poesia – que se
articulam, se conectam e dão corpo ao que o homem pretende dizer. Lembremos que
o homem se utiliza das linguagens desde os remotos tempos das cavernas,
manifestando seus desejos, sonhos, ideias, medos... Hoje, os grafites nas
paredes e muros espalhadas pelo mundo comprovam que esse desejo de expressar-se
plasticamente não morreu. O ser humano, por ser um ser da linguagem, deixa sua
marca, seus signos, seus símbolos em todas as partes.
O pré-projeto
de pesquisa, embasado no Projeto Ler é Arte, parte do pressuposto que toda
aprendizagem deva tentar estabelecer um processo de inferências entre os
conhecimentos que se possui e os novos conhecimentos a serem construídos. Para
tanto, apresentar as obras de arte contextualizadas, como produto cultural e
histórico, situadas em tempos e locais diferentes, com formas e conteúdos
distintos, possibilitará uma maior compreensão das diferentes linguagens e
códigos utilizados pelos artistas. Apreendendo esses códigos, os alunos serão
capazes de criar seus próprios trabalhos, relacionando-os ao seu mundo, as suas
concepções de vida, expressando-se através das diferentes linguagens com as
quais tiveram contato, seja através das pranchas de imagens, dos mapas
conceituais construídos, dos objetos de aprendizagem, das diversas leituras e
atividades propostas no “atelier de artes”. Materiais que foram pensados e
criados ao longo do curso de Artes Visuais e que são constantemente
re-significados na prática pedagógica e na relação estabelecida com o Projeto
Ler é Arte.
CONCLUSÃO
Re-pensar a função da arte na
educação, na escola ou fora dela, parece ser essencial para o entendimento do
pré-projeto. A experiência estética-criativa proporcionada pelo Projeto Ler é
Arte; o desenvolvimento das diferentes linguagens, a leitura de imagens
(ROSSI), a interpretação do mundo contemporâneo a partir das relações entre
arte e educação; a possibilidade de ensinar-aprender arte através da
experiência em arte, como um ser humano que produz, pensa e contextualiza arte
são os requisitos indispensáveis para a realização e aprofundamento dessa
pesquisa em arte. Nesse ir e vir do pensamento, da criação, da pesquisa, da
escuta do outro, e, por que não, do prazer em fazer arte, aprender em conjunto,
duvidando de nossas certezas, tentando entender esse mundo em que vivemos,
muitas vezes tão caótico e incompreensível, como uma possibilidade de
transgressão (HERNANDÈZ), de mudança de paradigmas, de “desautomatização”, de
“desrotinização” de nossas práticas escolares, de ver as coisas com outros
olhos, ou pelo menos, a partir de outros pontos de vista, de forma mais
poética.
REFERÊNCIAS
³BARBOSA, Ana Mae. (org.)
Inquietações e mudanças no ensino de arte. São Paulo: Cortez, 2002.
HERNANDEZ, Fernando. Cultura
Visual, mudança educativa e projeto de trabalho. Porto Alegre: Artmed, 2000.
_____________. Transgressão e
mudança na educação. Porto Alegre: Artmed, 1998.
¹MARTINS, Miriam Celeste. Teoria
e prática do ensino de arte: a língua do mundo. São Paulo: FTD. 2009.
____________. Aprendiz da arte:
trilhas do sensível olhar-pensante. São Paulo: Espaço Pedagógico, 1992.
ROSSI, Maria Helena Wagner.
Imagens que falam: leitura da arte na escola. Porto Alegre: Editora Mediação,
2003.
²PROJETO LER É ARTE. Disponível
em http://projetolerearte.blogspot.com.br/
. Acesso em 15/07/2012
RITTMANN, Sônia Maris. Objetos
de Aprendizagem, Mapas Conceituais, Pranchas de Imagens.
Plurissignificação. Disponível em http://plurissignificacao.blogspot.com.br/
Acesso em 15³07/2012.
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