Caixa de Pandora

segunda-feira, 18 de junho de 2012

"Pina" de Wim Wenders


“Pina” de Wim Wenders

Sônia Maris Rittmann
 
“As coisas mais belas quase sempre estão escondidas. É preciso apanhá-las e cultivá-las e deixá-las crescer bem devagar”.
Pina Bausch


O filme “Pina”, de Wim Wenders, originalmente chamado de Ein film für Pina Bausch. é uma homenagem à coreógrafa, dançarina, pedagoga de dança e diretora do balé Tanztheater Wuppertal Pina Bausch, localizada em Wuppertal, naAlemanha.

Wenders, cineasta que muito admiro, tem uma capacidade especial de nos colocar frente a frente com situações que oscilam entre o sonho e a realidade, nos colocar dentro da cabeça dos personagens de seus filmes, como em Paris, Texas, em Alice das Cidades, ou ainda no maravilhoso Asas do Desejo. Em Pina não é diferente, o cineasta nos aproxima de tal forma da vida-obra de Pina Bausch, que quase passamos a ver a dança-teatro com os seus olhos.
           
A proximidade do espaço, Wuppertal, em que Pina Baush viveu ao longo de muitos anos, em que ela criou e dirigiu seus espetáculos, nos torna quase seus cúmplices. Andamos pela cidade e pelo palco juntamente com seus dançarinos-atores. Vivemos de forma avassaladora as sensações de vida e morte, tristeza e alegria, paixão e liberdade que seus dançarinos-atores sentem. Esse é ao meu ver um dos grandes méritos do trabalho de Pina, esse romper com a forma tradicional de dança e utilizar a experiência de vida de seus bailarinos, de muitas nacionalidades diferentes, com experiências de dança também diferentes, como parte, inspiração, composição de suas coreografias que eram sempre re-criação, re-invenção, ruptura, movimento de abertura ao novo, ao improviso.

Ao mesclar os depoimentos dos bailarinos sobre Pina com cenas de dança-teatro, Wenders aproxima o público da vida da coreógrafa. Passamos a compreender quem foi essa grande mulher para a história da dança, para quem a vida e a dança se fundiam de maneira indissociável. É a própria Pina quem nos diz: “Tem coisas que nos deixam sem palavras. E tem coisas que as palavras não dão conta de dizer. É aí que entra a dança”.
Impossível falar da cenografia do filme sem falar do responsável por boa parte das montagens do Tanztheater Wuppertal desde 1980: o cenógrafo Peter Pabst, diretor de arte também da produção cinematográfica. É ele quem nos dá as pistas para compreensão do documentário ao afirmar: "Cruzar a fronteira entre o palco e o espectador é uma parte importante da coreografia. Os dançarinos estão constantemente envolvidos com o público, até mesmo fisicamente descendo do palco. Este foi sempre um ponto crucial para Pina Bausch, que suas peças fossem completas em primeiro lugar na cabeça, olhos, coração e nos sentimentos do público”. A cidade de Wuppertal e seus arredores serviram de cenário para os dançarinos da Cia e complementam a trama quase que como se fossem um personagem do documentário. Por mais de 35 anos, essa cidade serviu de casa e inspiração para Pina Bausch, criar e montar seus espetáculos. A composição visual dos espaços, internos e externos, nos arredores da cidade, na própria cidade de Wuppertal ou no palco, ajudam na aproximação com a vida e o pensamento de Pina Bausch.
O filme-documentário começa no teatro em que Pina montou seus principais espetáculos. Logo de início os dançarinos nos mostram uma das fontes de inspiração: as estações do ano: primavera, verão, outono e inverno. Os elementos da natureza, terra, ar, água, folhas, misturam-se ao cotidiano da cidade em que viveu Pina Bausch para nos contar um pouco sobre a dança e a vida da coreógrafa. O espaço da rua levado para dentro do teatro, uma pedra gigantesca, água que cai sobre a cena, dançarinos sobre as águas...A rua, os trilhos do trem aéreo, fábricas abandonadas, cruzamentos de ruas, transparências de vidros e portas se alternam com cenas no subsolo, em um túnel escuro em que a única luz é do cenografista que ilumina os grafites dos Gêmeos e a própria Pina que surge dançando sobre um carrinho de trilhos como um fantasma... Cenas plásticas belíssimas se alternam com outras que nos oprimem de forma aniquiladora. Tudo contribui para a impressão que Pina-Wenders querem nos dizer. É Pina quem nos alerta assim por acreditarmos que seja a maneira certa. Não estamos aqui apenas para agradar, devemos desafiar o espectador”.
Um último movimento, Pina projetada no palco do Teatro que ela tanto amou, vazio, escuro e última frase, o adeus de Pina e um alerta soturno: “Dance, dance, senão estamos perdidos”.

Referências:
Pina. Filme de Wim Wenders. 2011.
Site oficial do Filme:
Reportagens diversas sobre o filme Pina de Win Wenders. Disponíveis em

http://oglobo.globo.com/pais/moreno/posts/2012/04/11/pina-filme-de-wim-wenders-439841.asp



Jogo: Baralho Itinerante- Rosana Antunes X Cmaps



Ao tentarmos relacionar a atividade do Baralho Itinerante, proposto pela profª Rosana Antunes, com a proposta da aula de Metodologia da Pesquisa em Artes, pensamos em quanto o mesmo estimula o aluno a construir esquemas de raciocínio lógico, de estabelecimento de relações, com atividades que além de serem momentos de alegria e interação explora as diferentes linguagens plásticas, ampliando seu repertório artístico, cultural e visual. 
A questão de os alunos terem liberdade para escolher as técnicas e as imagens que eles usariam na confecção do mesmo além da natural simpatia que esse tipo de abordagem traz ainda visava contemplar as diferenças etárias, cognitivas e sociais. 

Penso que na confecção do Mapa Conceitual, a lógica é muito semelhante: partimos de um texto comum a todos os estudantes, fizemos nossas escolhas, traçamos nossos caminhos e relações diferentes foram estabelecidas.  Cada um de nós, usando do raciocínio lógico, demonstrou suas escolhas, com um certo nível de liberdade, como no jogo do Baralho Itinerante. Penso serem essas as principais semelhanças entre a atividade dessa aula e o jogo.

domingo, 17 de junho de 2012

Regras do Jogo


A regra é a seguinte: não há regras...
Disponibilizo para todas as colegas um site de  JOGOS ANTIGOS que contém além de muitos exemplos de jogos (alguns nem existem mais) as regras dos mesmos em pdf...
Aproveitem, pesquisem e criem seus jogos.


Namastê, soniamaris

sábado, 2 de junho de 2012

Tempus Fugit

Oração ao Tempo - Caetano Veloso

És um senhor tão bonito
Quanto a cara do meu filho
Tempo tempo tempo tempo
Vou te fazer um pedido
Tempo tempo tempo tempo...
Compositor de destinos
Tambor de todos os rítmos
Tempo tempo tempo tempo
Entro num acordo contigo
Tempo tempo tempo tempo...
Por seres tão inventivo
E pareceres contínuo
Tempo tempo tempo tempo
És um dos deuses mais lindos
Tempo tempo tempo tempo...
Que sejas ainda mais vivo
No som do meu estribilho
Tempo tempo tempo tempo
Ouve bem o que te digo
Tempo tempo tempo tempo...
Peço-te o prazer legítimo
E o movimento preciso
Tempo tempo tempo tempo
Quando o tempo for propício
Tempo tempo tempo tempo...
De modo que o meu espírito
Ganhe um brilho definido
Tempo tempo tempo tempo
E eu espalhe benefícios
Tempo tempo tempo tempo...
O que usaremos prá isso
Fica guardado em sigilo
Tempo tempo tempo tempo
Apenas contigo e comigo
Tempo tempo tempo tempo...
E quando eu tiver saído
Para fora do teu círculo
Tempo tempo tempo tempo
Não serei nem terás sido
Tempo tempo tempo tempo...
Ainda assim acredito
Ser possível reunirmo-nos
Tempo tempo tempo tempo
Num outro nível de vínculo
Tempo tempo tempo tempo...
Portanto peço-te aquilo
E te ofereço elogios
Tempo tempo tempo tempo
Nas rimas do meu estilo
Tempo tempo tempo tempo...