Caixa de Pandora

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

O professor pesquisador e reflexivo


“A verdadeira semente da violência é a pobreza e a intolerância.
Do que mais precisamos é de bom senso e de sentido de responsabilidade”.
Antônio Nóvoa

Vivemos uma época de grandes desafios: ao mesmo tempo em que nós, professores, temos que dominar toda uma gama de conceitos e saberes tradicionais, nós ainda temos que dominar, competentemente, as novas tecnologias de informação. Devemos conhecer nossa profissão profundamente, compreender como ocorre a apropriação do conhecimento, reorganizar, reelaborar esse conhecimento e torná-lo significativo para nosso aluno.

Outro desafio bastante grande é que vivemos em uma sociedade que não sabe muito bem o que deseja da escola. Ao mesmo tempo em que cria seus filhos de maneira bastante livre, exige que a escola “molde-os” numa cultura de obediência. Nas palavras de Nóvoa, citando Ortega y Gasset, “as escolas valem o que vale a sociedade”. E essa sociedade precisa respeitar e valorizar o professor e entender que a escola é apenas mais um entre os diversos espaços de aprendizado da contemporaneidade. E que é essencial ao exercício docente que ele tenha condições mínimas de desenvolver seu trabalho com calma e tranquilidade, em condições dignas de trabalho.

O contexto sócio-econômico-cultural é de mudanças profundas na sociedade: da globalização, da informatização, das comunidades em rede, dos ambientes virtuais de aprendizagem, da velocidade com que tudo nos chega às mãos ao contraste com algumas regiões sem água e esgoto, sem moradias decentes, com a violência e a fome batendo à porta de nossos alunos. É nesse ambiente que precisamos atuar como professores e conhecedores das pequenas glórias e grandes misérias de cada um de nossos alunos e mesmo assim acreditando em um mundo melhor. Não se trata de uma reclamação estéril, mas de uma construção de um pensamento crítico-reflexivo que possibilite melhor formação e informação que leve a um exercício mais consciente e menos ingênuo.

É a partir de nossa realidade que precisamos agir. Não dá para agir sem conhecer, sem pesquisar, sem traçar metas educativas claras para que cada aluno aprenda mais e melhor. Esse é um fazer coletivo, que só se dá na construção de espaços de troca de experiências e saberes, dentro do ambiente de trabalho, é na escola que cada professor reflete sobre sua prática e compartilha com seus pares, numa interação contínua. A partir dessas reflexões coletivas pensamos a educação, a escola, a comunidade escolar aprendente; em conjunto, dentro de um sistema integrado que interage e em que todos aprendem, sempre.


Reflexão produzida com base na entrevista de Antonio Nóvoa em 13 de setembro de 2001
http://www.tvebrasil.com.br/salto/entrevistas/antonio_novoa.htm

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