Caixa de Pandora

segunda-feira, 13 de julho de 2009

"Ser professor no contexto atual"

Vivemos na “sociedade do conhecimento”. Isso é público e notório. Porém, o que estamos fazendo para que essa mesma sociedade não nos engula e nos transforme em purê?

Os estudantes não são os mesmos de anos atrás e isso é ótimo. A linguagem não é a mesma. A cultura não é a mesma. A tecnologia não é a mesma. A economia e a política não são mais as mesmas. Tudo evolui e muito rapidamente e nós corremos atrás do prejuízo. Estudamos, lemos, nos informamos, trocamos experiências com profissionais das mais variadas áreas do conhecimento humano... E, mesmo assim, não é o suficiente. A variedade de informações disponíveis a todos nessa sociedade pode nos levar a loucura se não tivermos presente que não somos “dicionários humanos”, não temos necessidade de saber tudo sobre todos os assuntos. Precisamos saber algumas coisas e saber, principalmente, onde buscar aquilo que não sabemos, não apenas para nós mesmos, mas, também, para orientar nossos alunos. Precisamos ter critério, seleção, discernimento na escolhas que fazemos e é para isso devemos estar preparados.
Alguns pensadores, do passado e do presente, ajudam-nos nessa busca com suas idéias inovadoras para as suas respectivas épocas.

Duas das idéias de John Dewey, um dos pensadores da Escola Nova, devem ser consideradas: a primeira é aquela em que ele defende que devemos ter “respeito pelos alunos”. É uma questão de valorizar o pensar do aluno. A segunda, mas não menos importante, é a idéia da “integração entre vida e educação”. Aproximar os problemas cotidianos, as atividades diárias das escolares.

Um grande pensador que nos trouxe o “construtivismo” foi Jean Piaget. Dele, recorto a seguinte idéia: “o aprendizado é construído pelo aluno, ele não é repassado pelo professor”. Essa idéia de que “o conhecimento não se transfere, se constrói” reaparece com força também nas palavras de Paulo Freire. O papel do professor se alterou de forma significativa, passou-se a pensar em um professor como “estimulador” na busca pelo conhecimento.

“Ninguém ignora tudo. Ninguém sabe tudo. Todos nós sabemos alguma coisa. Todos nós ignoramos alguma coisa. Por isso aprendemos sempre”. Utilizo esse recorte das palavras de Paulo Freire para falar da importância da “formação continuada” para esse educador. É o que fazemos sempre, mesmo fora das universidades, aprendemos. Sem querer desvalorizar o saber acadêmico, mas boa parte do somos e do fazemos foi aprendido dentro da sala de aula, na interação com nossos alunos. Muitas teorias, construídas para um mundo ideal, foram colocadas de lado ao longo dos anos por não ter nenhum vínculo possível com o mundo real. Esta aí uma boa questão para um próximo debate.

“A crítica ao modo fragmentado como os conteúdos são concebidos nos currículos escolares” é uma das idéias do grande pensador Edgar Morin. Ele defende que a vida não é fragmentada. Defende também por uma unificação dos conteúdos através da contextualização dos mesmos, pois o aluno aprende através das relações que tenta estabelecer. Trata-se de trazer os problemas do mundo cotidiano para dentro do currículo e de fazer uma interligação entre eles.

Dentre as várias idéias defendidas por Philippe Perrenoud quero ressaltar a questão das “competências”. É uma nova forma de ver, pensar e fazer educação. Não é uma fórmula pronta, é um fazer... Um processo que vai depender de muitos dados que deverão necessariamente ser coletados e adaptados a cada situação de aprendizagem, a cada espaço escolar, a cada estudante e a cada professor, a cada novo interesse que surge, aos diferentes grupos de trabalho, as diferentes comunidades onde estivermos inseridos, a questão política local e global, a utilização e disponibilização das novas tecnologias a todos os envolvidos na educação, aos dilemas éticos diários e a nossa formação continuada. É uma questão de “agir” de forma contextualizada, globalizada, integrados com o mundo que nos cerca.

Estamos todos conectados a essa “sociedade do conhecimento”, buscando soluções para uma melhor educação, melhores aulas, melhor compreensão de nossos alunos, melhor entendimento do mundo que nos cerca...Como fazemos isso? Acredito que seja uma questão de adequar afinidades e interesses, nossos e dos alunos. É uma luta diária, um ir e vir constante. É uma relação que se baseia no diálogo, na negociação. Cedemos aqui para conquistarmos lá adiante, não pensem que é fácil. Acredito em uma mudança pessoal, no crescimento, no amadurecimento das idéias, na reflexão constante sobre o que pensamos e fazemos, pensando e agindo de forma ética. E, principalmente, acredito que o valor da educação está em si mesma (conhecimento) e não fora dela (mercado).

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