Caixa de Pandora

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Leitura, Mediação, Mediadores

ilustração de sarahjane




Leitura e inclusão social

“A literatura reflete as atitudes da sociedade”, seus costumes, sua cultura e os valores de cada época e lugar. A literatura é uma criação do homem. Nela, o homem expressa sua arte. O próprio homem é a matéria prima sobre a qual se cria a literatura e o seu meio de expressão é a palavra, a linguagem. Nesse expressar desse homem, vemos a presença do “outro” como sendo o excluído, aquele que é “diferente”, aquele que é “deficiente”. O negro, o pobre, o velho, o analfabeto, o deficiente são apontados como sendo esse “outro”. Essa é a visão da nossa sociedade: aquele que não é igual a mim é o “outro”. Muito triste isso! Ao nos julgarmos “normais”, melhores que os demais, excluímos aqueles que julgamos anormais. É uma das formas mais cruéis de exclusão.
Como podemos reverter essa situação de exclusão? Incluindo. Parece óbvio, mas não é. Como dizia Paulo Freire, muitas vezes, “o óbvio precisa ser dito”. Incluindo, trazendo os excluídos sociais para dentro da sociedade, da escola, dos processos decisórios, tornando-os cidadãos. De que maneira, nós podemos fazer isso? Possibilitando que eles (ou seria nós?) possam se informar, participar e colaborar com a sociedade.
Através do acesso à literatura universal e do conato com as Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs), podemos acelerar esse processo de inclusão. Ao ler e escrever sua história, ao reler e reescrever essa história, através de um novo olhar, quebrando velhos paradigmas podemos incluir, podemos propiciar a cidadania plena a esses cidadãos antes excluídos.
“Informática na educação, inclusão digital e inclusão social” proporcionando a interação entre os sujeitos, facilitando a aprendizagem e a construção de conhecimentos significativos. O baixo custo, a redução do tempo e o atendimento individualizado são outros atrativos para a sua utilização na educação. Além disso, as TICs podem ser utilizadas por toda e qualquer pessoa, seja ela um sujeito sem nenhum tipo de dificuldade ou um PNEE, o que ajuda na integração e na garantia de igualdade de acesso à informação.
Dentro dessa perspectiva inclusiva, o papel da biblioteca e, conseqüentemente, da escola como um todo, num ambiente de aprendizagem, é o de propiciar a “inclusão digital, social e informacional através da leitura”, devendo superar as barreiras de acessibilidade de todas as pessoas, sem distinção. , o que irá possibilitar a cidadania plena.
É importante que o bibliotecário tenha como objetivo a busca da “leitura compreensiva, crítica e reflexiva” e que seja um incentivador da leitura e da formação de novos leitores através da leitura lúdica e prazerosa. “Ler qualitativamente é uma das grandes dádivas que temos que usufruir; nos conduz à alteridade, seja a nossa própria ou de nossos amigos, presentes ou futuros”.
Claro que esse contato com a leitura, com a literatura deveria começar na família, em casa, de forma lúdica e prazerosa. Porém, nem sempre isso acontece. Então, nosso papel, como professor ou bibliotecário, é de suprir essa carência de leitura e disponibilizar leitura de qualidade e em quantidade ao máximo de pessoas que pudermos. Oportunizar e incentivar a leitura em todos os espaços e, principalmente, nas bibliotecas. Abrir a biblioteca, não apenas aos alunos, mas também à comunidade é uma bela forma de estimular a leitura de forma abrangente, inclusiva., que possibilite o crescimento cultural, social e cidadão dessa comunidade. Todos ganham. É uma subversão total da regra da exclusão, da dominação de uns poucos que sabem sob muitos que não sabem e que, por não saberem estão excluídos da sociedade da qual fazem parte. Pode parecer utópico, pode ser um trabalho demorado, mas é um trabalho que gerará belos frutos, pois aquele que ontem era excluído, hoje, lê, e amanhã, elaborará o seu mundo, reinventará sua vida. É uma construção dinâmica que influencia o “processo de construção do próprio pensamento e da tomada de consciência”. Tão construção se dará através da mediação da leitura, da relação do homem (leitor) com o mundo e com os outros homens (escritores), em um espiral crescente em que o leitor de hoje re-elabora o que sabe e re-escreve sua história tornando-se assim protagonista da sociedade da qual faz parte, do mundo em que vive, podendo interagir agora como produtor (escritor), numa relação cooperativa com seus pares, numa relação mútua, interativa com outros cidadãos que, assim como ele, eram excluídos.
“Possibilitar a inclusão de todos na escola é um processo permanente e irreversível, uma eterna construção e reconstrução, baseada nos quatro pilares da educação: aprender a conhece; aprender a fazer; aprender a viver juntos, aprender a viver com os outros; e, aprender a ser”.

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