“Câmara de Ecos: O encontro do Barroco com a Arte Contemporânea”
Câmara de ecos
Cresci sob um teto sossegado,
meu sonho era um pequenino sonho meu.
Na ciência dos cuidados fui treinado.
Agora, entre meu ser e o ser alheio
a linha de fronteira se rompeu.
SALOMÃO, Waly. Algaravias: cãmara de ecos.
Rio de Janeiro: Rocco, 2007.
Apresentação
O presente Projeto Educativo, “Câmara de Ecos: O encontro do Barroco na Arte Contemporânea”, tem como foco principal explorar as ligações possíveis entre a Arte Contemporânea e o Barroco a partir da apreciação-leitura estética das obras de Adriana Varejão. O nome do Projeto teve inspiração na própria fala da artista que ao falar de sua obra cita Severo Sardy quando se refere à câmara de ecos como um espaço de ressonância, onde a noção de causalidade é subvertida, “onde o eco precede, muitas vezes, a voz”:
“Dessa maneira, minha narrativa não pertence a um tempo ou lugar, ela se caracteriza pela descontinuidade. Ela é um tecido de histórias. Histórias do corpo, da arquitetura, do Brasil, da tatuagem, da cerâmica, dos azulejos antigos, portugueses, ou dos modernos e vulgares, dos mapas, dos livros, da pintura... “
São esses tecidos que me interessam, essa colcha de histórias, memórias, lembranças vividas ou imaginadas... Essa invenção-criação que pode ser observada nas obras de Adriana Varejão, que serviram de ponto de partida para o estudo da arte contemporânea, pela comparação-análise da arte barroca, de Minas Gerais, da sua arquitetura, seus anjos, o ouro... Buscar as relações entre arte, história, arquitetura, natureza, ecologia nesse universo riquíssimo que nos é oferecido em Minas Gerais, tanto em Ouro Preto, Mariana, Tiradentes, Congonhas, quanto em Brumadinho com o Instituto Inhotim, onde a arte e natureza se unem de forma esplendorosa.
Alunos envolvidos no Projeto:
Creio que alunos de qualquer etapa de escolarização gostariam de explorar esse universo, porém por uma questão metodológica, traria para esse projeto os alunos do 1º ano do Ensino Médio, tanto pelo trabalho interdisciplinar que poderia ser realizado juntamente com as professoras de Literatura, que trabalham o Barroco nessa série, e com as professoras de História que trabalham o período colonial, o que facilitaria muito a abordagem histórica, social e cultural do período.
Áreas envolvidas:
A Área das Linguagens, sem dúvida alguma, mais a Sócio-histórica, poderiam trabalhar em parceira nesse projeto, trazendo benéficos para todos os envolvidos. Além disso poderíamos envolver as demais áreas como as Ciências Naturais, a partir da questão do Projeto Ambiental que é desenvolvido em Inhotim. Arte, natureza, história, literatura, juntas com o mesmo fim, construir um conhecimento integrado, significativo.
Ações:
A partir da apreciação das obras de Adriana Varejão, que pode ser através de slides projetados na sala de vídeo: apreciar, perceber as características da obra da artista; pesquisar a biografia da artista, sua motivações; pesquisar e estabelecer relações entre as obras da artista e a arte barroca, através de pesquisa virtual no laboratório de informática, com orientação do professor de artes, que fornecerá alguns sites para pesquisa; perceber as questões históricas e sociais envolvidas nas produções artísticas dos dois períodos estudados, tentando estabelecer os vínculos e as divergências entre um e outro.
De posse de todas as informações a ideia é que se produza paineis para o saguão da escola, em que se demonstre não apenas o domínio da técnica de pintura, mas que se perceba que a produção de uma obra de arte está relaciona com o seu tempo e ao mesmo tempo dialoga com outros tempos.
Dessa forma a temática dessa produção artística seria o que os alunos percebem como sendo importantes para eles nessa etapa da vida: suas angústias, sonhos, ideais, aspirações... Essa produção artística deverá levar em conta questões apreendidas de sustentabilidade, meio ambiente, história, sociedade, cultura...
Duração:
A ideia é que o projeto se estenda por um trimestre para que possa ser realmente aprofundado pelos envolvidos, na apropriação do novo conhecimento, na pesquisa histórica-social-cultural e na produção artística.
Socialização:
Imagino que os painéis e a pesquisa possam ser socializados com toda comunidade escolar no próprio saguão da escola: espaço em que os próprios alunos poderão organizar uma mostra inaugural e conversar com os visitantes, explicando sua pesquisa, além de oferecer pequenos workshops de pintura para os alunos menores. Espaço vivo de troca, crescimento, socialização, de se ensinar e aprender...
Avaliação
Será considerado satisfatório se os alunos se envolverem com o projeto de forma integral, participando ativamente de todas as etapas do projeto e demonstrando ter adquirido os conhecimentos que foram acionados nesse projeto.