Caixa de Pandora

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Depoimento Reflexivo sobre o Prensauto

DR_PRENSAUTO

OBJETIVOS
Antes de começar a realizar meu Prensauto, não imaginava onde poderia parar. Nem sequer sabia o que era um Prensauto. Pensava nos objetos autobiográficos, objetos significativos para mim, mas não em como utilizá-los. Tanto que ao longo do processo precisei trocar os objetos. Uma coisa é pensar uma obra, outra bem diferente é realizá-la e contextualizá-la a partir de nosso cotidiano. O percurso que traçamos para a nossa criação pode fugir ao nosso controle durante o processo. Penso nas criações literárias, onde o escritor muitas vezes diz que os personagens ganham vida própria e ditam o seu próprio destino e que o autor passa a ser um mero coadjuvante da sua própria escrita tornando-se refém de sua obra. Creio que com o Prensauto aconteceu algo semelhante, a própria forma, com seu espaço limitado, foi definindo o que era possível ser inserido. Creio que como os “Sapatinhos Vermelhos”, da Paula Mastroberti, meu Prensauto ganhou vida e saiu por ai, dançando sem parar.

EXPOSIÇÃO

Gostaria de expor meu Prensauto sobre um cepo de madeira que obtive em uma serraria (espaço em que beneficiam árvores; transformam árvores, geralmente eucaliptos retirados do mato, em tábuas para os mais diversos fins: casas, móveis, lenha, etc...) Penso em nossa caminhada, como seres humanos... Isso leva-me a pensar que estamos destruindo, depredando a natureza sem pensar nas consequências para toda a humanidade...Uma coisa é obter algum conforto mínimo, outra é derrubar florestas inteiras para fazer papel... Ou para criar gado, ou plantar soja transgênica... São muitos os caminhos possíveis para fazer a leitura do meu suporte do Prensauto... Ainda estou pensando nas possibilidades...

OS ALUNOS
Imagino que os prensautos realizados pelos alunos... Caso fossem feitos a partir de seus pés poderiam também representar suas caminhadas... Seus diferentes percursos para chegar até o dia de hoje...Embora acredite que eles tenham “caminhado” pouco, devido a pouca idade. O universo deles ainda está se expandindo.
Penso também que talvez pudéssemos fazer outras configurações, talvez mãos, que remeteriam ao fazer artístico, processo que envolve a “mão” como principal ferramenta do fazer artístico...
Ou quem sabe as placas de argila, como os alunos do IA fizeram. A placas por terem um espaço mais amplo para a inserção de objetos autobiográficos que possibilitariam várias configurações, mesmo que não fossem queimadas em fornos... Penso que as placas, por serem de argila, trariam um maior envolvimento do aluno com a matéria prima do processo cerâmico. Além disso, a argila é maleável, podemos entrar em contato direto com ela durante o processo...Fazer e refazer várias vezes o Prensauto, modificando durante o processo, dialogando com a matéria prima. O gesso pareceu-me um material frio, distante, passando do líquido para o sólido sem entrar em contato conosco. Pouco atraente do ponto de vista da criação.

PERCEPÇÃO DO OUTRO
A percepção do outro vai depender principalmente de dois fatores:

a) que significados cada um desses elementos (pé + cepo) trará para ele?
b) quais as referências de mundo que esse outro traz para fazer a leitura desses objetos?
Ou seja, a leitura do mundo do observador vai direcionar sua leitura do Prensauto... Posso até dar algumas pistas para o observador, colocar uma música, criar uma ambientação olfativa, uma iluminação, talvez algum elemento adicional como umas fotos do processo talvez, que "direcione" o olhar.... mas creio que ficará mais interessante se deixar que o observador faça sua própria leitura e tire suas próprias conclusões...Ou melhor, que ele não chegue a nenhuma conclusão...mas sim, que ele fique cheio de questionamentos...Isso seria o ideal... Quem sabe?



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