Lendo e relendo os
textos disponibilizados no ambiente, explorando os diferentes AVAS,
ponderando sobre as colocações das colegas, que tão sabiamente expõem a
situação em que se encontra a educação pública no nosso estado
atualmente, não pude parar de pensar em uma frase que a
professora Biazus destaca na apresentação de seu livro “Projeto
AprenDi: Abordagens para uma Arte/Educação tecnológica”:
“O olhar do menino que
desenha o seu percurso até a escola numa folha de papel na escola, borda num
retalho de pano, que irá transformar-se num manto mágico, e que descobre que
esta viela que serpenteia por entre casebres existe num mapa maior, que ele
pode visualizar numa tela conectada na rede, revela que os fazeres da arte
estão imbricados no e com os processos da tecnologia digital.(..)”¹
Imagem saborosa essa do menino que
descortina pela primeira vez através do Google Maps, do ponto mais distante, a
imagem da Terra - azul esverdeada - se aproximando lentamente, que aos poucos
vai ganhando contornos, sombras, volumes, percebendo e identificando os
continentes, os mares, os rios –linhas sinuosas que se assemelham com galhos
secos de árvores, talvez veias por onde corre o nosso sangue, simplesmente
espetacular ver o olho brilhando daquele menino, que aos poucos começa a
vislumbrar um outro mundo, que é o mesmo, mas que se mostra de forma tão nova e
arrebatadora que nunca ele havia imaginado.
Os céticos podem dizer que ele já havia
manuseado Atlas de papel, mapas, desenhos com representações de sua cidade...Eu
digo: não tem comparação. O impacto que uma imagem captada, diretamente do
espaço, por um satélite que fica a milhares de quilômetros da terra, causa sim
uma mudança profunda na compreensão do universo. Sentimo-nos do tamanho que
realmente somos, compreendemos a imensidão do universo e a pequenez do ser
humano.
“Qualquer linha
divisória que se queira traçar entre os fazeres na contemporaneidade só existe
em nossas mentes. Arte e tecnologia na educação, educação em mídia arte ou
educação tecnológica são modos de nomear os processos que se delineiam nos
currículos escolares hoje.”¹
Penso que ao proporcionarmos aos nossos
alunos a experiência de utilizar algumas das ferramentas tecnológicas das que
dispomos hoje em dia, qualquer uma que seja, mesmo que de forma precária,
limitada, estaremos abrindo possibilidades para esse menino, provocando uma
mudança de perspectiva, possibilitando que esse menino possa ampliar seu
repertório visual, cultural, estético; auxiliando-o a relacionar o que vê com o
que ele vive, valorizar o mundo em que ele vive e ver a beleza do que o cerca.
Porém, penso que de nada adiantará essa disponibilidade tecnológica sem que se
faça um trabalho sério de mediação, de interlocução, que possa resgatar
questões que são do campo da arte, mas que são também do campo da cultura, da
sociedade, da cidadania.
Referências:
¹BIAZUS, M.C.V. Projeto AprenDi:
Abordagens para uma Arte/Educação tecnológica.
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