"Relatividade" M.C. Escher - 1953
Nos últimos anos estamos vivendo uma
transformação tecnológica radical. Essa transformação, que alguns chamam de
revolução tecnológica, afeta a todos os segmentos da sociedade, e, certamente,
a educação e a arte. O texto de Ana Mae faz um recorte bastante significativo e
traz a tona uma discussão extremamente pertinente sobre arte, educação, mediação
cultural e tecnologias contemporâneas. A partir de um breve histórico dos
conceitos modernistas e pós-modernistas de arte e de educação, da constatação do
preconceito que cerca a arte/educação no Brasil, através de exemplos de
instituições e museus que utilizam diferentes abordagens expositivas com foco
na educação, as críticas à abordagem de muitos dos CD-ROMs e sites de
instituições, ela chega ao que se entende como a visão contemporânea de mediação
em arte, utilizando a tecnologia não apenas como um meio de transmissão de
informações, mas um meio “interativo” (pouco estudado em seus efeitos, segundo
ela) de apreciação e experimentação em arte.
Creio que o exemplo mais significativo
que Ana Mae nos traz é o de Nicholas Serrota, diretor do Tate Gallery e Tate Modern, que propõe a organização das exposições
de arte em que enfatiza a experiência da recepção do apreciador e não como era
feito até então com ênfase na obra ou no produtor. Ao propor o diálogo entre
diferentes movimentos, épocas e estilos, mudam os paradigmas, mudam também o
entendimento sobre a arte, a educação, a mediação.
“A tecnologia não apenas transforma as
práticas cotidianas, mas também os modos de produção intelectual e dilui os
limites entre compreensão e certeza”
A tecnologia é uma realidade presente em
nossas salas de aula. Poucos alunos ainda utilizam dicionários de papel, a
maioria pesquisa diretamente nos seus celulares conectados a WEB, em sites nem
sempre confiáveis, mas extremamente rápidos. Cada palavra e ação nossa em sala
de aula é imediatamente jogada na Internet,
em sites como youtube, facebook, twitter,
ou outro que venham a inventar enquanto digito esse texto. Rapidamente nossos
alunos aprendem a utilizar ferramentas como editores de texto, imagens, vídeos,
áudio... Por que não aproveitar essa disposição para o ensino da arte, para
pensar arte, produzir arte e contextualizar arte?
“Percepção, memória, mimeses, história,
política, identidade, experiência, cognição são hoje mediadas pela tecnologia.(...)
Participação, representação, desejo, criação, expressão são conceitos
transformados pela ação da tecnologia”.
Creio que é nessa brecha que podemos
agir. Questionar, provocar, instigar alunos, colegas, pais a repensar a
utilização da tecnologia seria um primeiro passo, perder o medo da tecnologia e
usá-la a nosso favor é uma opção quase que obrigatória, sob o risco de ficarmos
falando sozinhas em sala de aula, enquanto nossos alunos apreciam qualquer
outra coisa que esteja no formato “digital” em frente aos seus olhos, ouvidos e
cérebros.
Cabe aqui destacar que as colegas do
curso de artes visuais contribuíram significativamente para a discussão trazendo
suas impressões sobre o texto, e que fiquei particularmente tocada pelas
colocações da colega Claudia Tedesco (do fórum do polo Gramado) por também compartilhar
de algumas das dúvidas que ela tão bem enumera:
“Pois quem tem cultura tem poder.
E quem tem educação tem o quê?
A quem interessa que o povo não tenha cultura?
Será que é por isso que as escolas que possuem
bons laboratórios de informática não possuem
internet?
As escolas que possuem a internet não possuem monitores para atender aos alunos?
E as que possuem tudo e os laboratórios
permanecem fechados para que os materiais não estraguem?
Os professores que utilizam vários recursos
tecnológicos como vídeos e data show, são vistos pelos como “matões” e não
ministram os conteúdos previstos?
Tecnologias contemporâneas: como usá-las como
instrumento de mediação cultural?
Como inserir a produção dos alunos com o espaço
virtual? Não basta jogar na rede é preciso contextualizar diante das diversas
realidades.
Como formar um público que pesquise, analise e
formule e reformule suas próprias considerações?
Como inserir o aluno neste espaço de forma a
desenvolver sua criatividade e imaginação?”(TEDESCO)
Como de costume, temos muito mais dúvidas do que certezas, mas
fico feliz em saber que não estamos sozinhas nessa caminhada, que estamos,
mesmo que distantes fisicamente, separadas por vários quilômetros, tão próximas,
virtualmente, devido aos interesses, pensamentos e “dilemas” sobre arte, educação,
mediação, tecnologia, política e vida.
Referências:
BARBOSA, Ana Mae. Dilemas em arte/educação como mediação cultural
em namoro com as tecnologias contemporâneas. Disponível em:
Acesso em 14/10/2012.
TEDESCO, Claudia. Disponível em
Acesso em 14/10/2012.
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