Caixa de Pandora

domingo, 28 de março de 2010

Diário Virtual "objetos" autobiográficos



Uma coisa tem me incomodado com relação aos objetos autobiográficos:
Como registrar "no papel" sensações, cheiros, sabores?
Fico pensando isso enquanto caminho pela capital, lugar onde nasci, e que amo profundamente...
Não moro mais em Porto Alegre faz algum tempo, porém ela é minha referência primeira.
Infância sem preocupações em uma cidade que ainda não sabia o que era violência urbana.
Brincadeiras de rua, bicicletas, pipas, subir em árvores...
As ruas tranquilas sem trânsito, a ida ao colégio a pé pisando nas poças d'água...
Adolescência, tempo de muitas descobertas.
A paixão pela literatura e pelo cinema: Bristol e o Baltimore eram meus favoritos, gostava também das sessões da meia noite do Avenida, clássicos e cults.
Lia compulsivamente tudo que me caia nas mãos. Gostava dos malditos. Baudelaire, Rimbaud, Poe... e por ai vai.
Era uma desajustada. Enquanto meus amigos iam às festas "dançantes" eu queria a revolução dos costumes, das ideias, da sociedade... Ainda quero. Minhas utopias.
A vida adulta trouxe mais calma e tranquilidade para buscar o que desejo mas não conseguiu apagar essa faísca revolucionária.
As "armas" são outras... mas a ideia ainda é aquela de 30 anos atrás: um mundo mais justo para todos.
Penso que tal qual os escritores (ou os pintores, os escultores) que produzem várias obras artísticas e que no fim da vida descobrem-se escrevendo uma mesma e imensa obra, que dialoga ao longo do tempo, também nós "escrevemos" nossa a continua e mutante história. Em ebulição... aos poucos... se completando... em processo.

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