Caixa de Pandora

sábado, 19 de maio de 2012

A escultura no campo expandido


A ESCULTURA NO CAMPO EXPANDIDO
Sônia Maris Rittmann 
Mary Miss_Perimeter Pavillions Decoy
A partir do fragmento do texto de Rosalind Krauss, “A Escultura no Campo Expandido”, pode-se perceber uma transformação importante na história da arte no que se denomina como escultura antes e depois do modernismo e do que chamamos hoje de linguagem tridimensional.
Segundo a autora, a escultura, também denominada de estátua, durante centenas de anos foi vinculada à lógica do monumento, por ser basicamente figurativa e ter como função principal representar um acontecimento glorioso ou uma personagem (histórica, mitológica ou religiosa).
A maleabilidade hoje que se tem do termo “escultura” traz a cena as mais diferentes obras - “corredores estreitos com monitores de TV ao fundo; grandes fotografias documentando caminhadas campestres; espelhos dispostos em ângulos inusitados em quartos comuns; linhas provisórias traçadas no deserto” – evidenciando, nas palavras da autora, como um termo cultural pode ser ampliado a ponto de incluir quase tudo.
Dessa maneira, ao nos referirmos à escultura devemos ter em mente que a mesma não é uma categoria universal, mas uma categoria ligada à história, sujeita a mudanças, dentro de uma lógica interna que se abre a uma variedade de situações. Se até meados do século dezenove pensava-se a partir da lógica do monumento, esse paradigma só foi quebrado, entre os séculos XIX e XX. Rodin foi o principal responsável por essa mudança ao realizar sob encomenda, pelo menos duas esculturas que contribuíram para essa mudança de paradigma: as Portas do Inferno e a escultura de Balzac. Nelas fatores como as múltiplas cópias pelos museus do mundo, a falta de uma versão oficial em seu lugar de origem, a inoperância das portas e a subjetividade com que Rodin esculpiu a imagem de Balzac, atestam uma mudança que passou a ser chamada de condição negativa da escultura.
 
Portas do Inferno - August Rodin
 Balzac - August Rodin

 “(...) entramos no modernismo por que é a produção escultória do período modernista que vai operar em relação a essa perda de local, produzindo o monumento como uma abstração, como um marco ou base, funcionalmente sem lugar e extremamente auto-referencial.” (KRAUSS, 1979)
Desde então aconteceram muitas rupturas no campo escultórico fazendo com que o mesmo se expandisse de tal forma que fica difícil denominarmos escultura algumas das produções artísticas que embora apresentem a linguagem tridimensional como princípio apontam em direções bastante antagônicas. A autonomia expressa pela diluição da base, fazendo com que o pedestal se torne parte da obra, como, por exemplo, em Brancusi.

Constantin Brancusi . Beginnig  of the World. 1924

A escultura modernista conseguiu por um certo tempo um “espaço ideal para explorar, espaço este excluído do espaço temporal”, que durou até meados dos anos 50, quando passou a ser sentida como negativismo e a escultura desse período passou a ser considerada como um “buraco negro da consciência”, algo de difícil definição e que parecia ser mais fácil de se compreender por aquilo que “não era”. Podemos perceber isso através de obra de Robert Morris.

Robert Morris. Sem título ( mirrored boxes). 1965.
Referências:
KRAUSS, Rosalind. A escultura no campo expandido. Disponível em http://moodle.regesd.tche.br/mod/resource/view.php?id=19556   

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