Sônia Maris Rittmann
Mary Miss_Perimeter Pavillions Decoy
A partir do fragmento
do texto de Rosalind Krauss, “A Escultura no Campo Expandido”, pode-se perceber
uma transformação importante na história da arte no que se denomina como
escultura antes e depois do modernismo e do que chamamos hoje de linguagem
tridimensional.
Segundo a autora, a
escultura, também denominada de estátua, durante centenas de anos foi vinculada
à lógica do monumento, por ser
basicamente figurativa e ter como função principal representar um acontecimento
glorioso ou uma personagem (histórica, mitológica ou religiosa).
A maleabilidade hoje
que se tem do termo “escultura” traz a cena as mais diferentes obras -
“corredores estreitos com monitores de TV ao fundo; grandes fotografias
documentando caminhadas campestres; espelhos dispostos em ângulos inusitados em
quartos comuns; linhas provisórias traçadas no deserto” – evidenciando, nas
palavras da autora, como um termo cultural pode ser ampliado a ponto de incluir
quase tudo.
Dessa maneira, ao nos
referirmos à escultura devemos ter em mente que a mesma não é uma categoria
universal, mas uma categoria ligada à história, sujeita a mudanças, dentro de
uma lógica interna que se abre a uma variedade de situações. Se até meados do
século dezenove pensava-se a partir da lógica
do monumento, esse paradigma só foi quebrado, entre os séculos XIX e XX.
Rodin foi o principal responsável por essa mudança ao realizar sob encomenda,
pelo menos duas esculturas que contribuíram para essa mudança de paradigma: as Portas do Inferno e a escultura de Balzac. Nelas fatores como as múltiplas
cópias pelos museus do mundo, a falta de uma versão oficial em seu lugar de
origem, a inoperância das portas e a subjetividade com que Rodin esculpiu a
imagem de Balzac, atestam uma mudança que passou a ser chamada de condição negativa da escultura.
Portas do Inferno - August
Rodin
Balzac - August Rodin
“(...) entramos no modernismo por que é a
produção escultória do período modernista que vai operar em relação a essa
perda de local, produzindo o monumento como uma abstração, como um marco ou
base, funcionalmente sem lugar e extremamente auto-referencial.” (KRAUSS, 1979)
Desde então aconteceram
muitas rupturas no campo escultórico fazendo com que o mesmo se expandisse de
tal forma que fica difícil denominarmos escultura algumas das produções
artísticas que embora apresentem a linguagem tridimensional como princípio
apontam em direções bastante antagônicas. A autonomia expressa pela diluição da
base, fazendo com que o pedestal se torne parte da obra, como, por exemplo, em
Brancusi.
Constantin Brancusi . Beginnig of the World. 1924
A escultura modernista
conseguiu por um certo tempo um “espaço ideal para explorar, espaço este
excluído do espaço temporal”, que durou até meados dos anos 50, quando passou a
ser sentida como negativismo e a escultura desse período passou a ser
considerada como um “buraco negro da consciência”, algo de difícil definição e
que parecia ser mais fácil de se compreender por aquilo que “não era”. Podemos
perceber isso através de obra de Robert Morris.
Robert Morris. Sem título ( mirrored boxes). 1965.
Referências:
KRAUSS,
Rosalind. A escultura no campo expandido. Disponível em http://moodle.regesd.tche.br/mod/resource/view.php?id=19556
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