“Crespúsculo dos Ídolos”
Sônia Maris Rittmann
Polo POA 01 UFRGS
“Pois o que é liberdade?
Ter a vontade da responsabilidade por si
próprio.
Preservar a distância que nos separa.”
F.W. Nietzsche, In: Crepúsculo dos Ídolos, 1888
F.W. Nietzsche, In: Crepúsculo dos Ídolos, 1888
(Tradução de Paulo César de
Souza)
“Crepúsculo dos Ídolos”,
alusão óbvia a obra do filósofo Nietzsche, tanto pelo título como pela temática.
Paródia da paródia: Nietszche parodia a ópera de Wagner, Crepúsculo dos Deuses,
e em seu Crepúsculo dos Ídolos critica o culto aos ídolos, às “ilusões antigas e novas do Ocidente: a moral cristã, os
grandes equívocos da filosofia, as idéias e tendências modernas e seus
representantes”¹, para isso utiliza a metáfora do “martelo", presente no subtítulo, quebrando velhos dogmas, representados
pelos ídolos que no fundo são ocos, vazios.
Crespúsculo dos Ídolos, de Jarbas Jácome, trata-se de uma
instalação e é constituída de um ambiente com cinco TVs ligadas em um canal de
TV aberta, uma câmera e um microfone à frente delas. A partir do momento em que
o visitante produz algum som próximo ao microfone a imagem das TVs se distorce,
variando a coloração de acordo com a intensidade e o tempo de duração do som
produzido pelo visitante. As distorções evoluem seguindo algumas cores do
crepúsculo: amarelo, laranja, vermelho, azul. Após passar pela cor azul, a
imagem do canal desaparece e em seu lugar aparece a imagem do visitante com um
efeito de brilho que também varia de acordo com a intensidade de sua voz.
Enquanto o visitante produzir som, sua imagem permanece na TV. Quando houver
silêncio as TVs voltam, aos poucos, a exibir a imagem do canal, como antes.
A instalação Crepúsculo dos Ídolos, de Jarbas Jácome, tem
a intenção de proporcionar ao visitante uma experiência sensorial, nela
deixamos de ser consumidores passivos e passamos a interagir com a obra.
Somente a partir da interação é que a obra se materializa.
A obra nos faz pensar sobre nossa própria condição humana.
Se por um lado a obra nos oferta a possibilidade de pensarmos sobre a nossa passividade
frente às mídias e ao mundo e em quanto as mudanças dependem de nossa real
atuação no mundo; por outro nos deixa também expostos à nossa própria imagem
como protagonistas, centro do “universo”, pela forma exibicionista e egoísta
com penetramos na tela, curtindo nosso momento de “celebridade” na telinha da
TV, visualidade que se dá através de nossa voz. A arte e a vida se imbricando,
literatura e arte, som e imagem, “integração estética entre o low e high tech e a ciência de ponta e a
ciência de garagem”, tecnofagia.
Referências:
Vídeo no youtube
Blog da instalação:
Fotos da instalção:
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