Caixa de Pandora

terça-feira, 18 de setembro de 2012

Crepúsculo dos Ídolos


“Crespúsculo dos Ídolos”












Sônia Maris Rittmann
Polo POA 01 UFRGS


“Pois o que é liberdade? 
Ter a vontade da responsabilidade por si próprio. 
Preservar a distância que nos separa.”
F.W. Nietzsche, In: Crepúsculo dos Ídolos, 1888 
(Tradução de Paulo César de Souza)

 “Crepúsculo dos Ídolos”, alusão óbvia a obra do filósofo Nietzsche, tanto pelo título como pela temática. Paródia da paródia: Nietszche parodia a ópera de Wagner, Crepúsculo dos Deuses, e em seu Crepúsculo dos Ídolos critica o culto aos ídolos, às “ilusões antigas e novas do Ocidente: a moral cristã, os grandes equívocos da filosofia, as idéias e tendências modernas e seus representantes”¹, para isso utiliza a metáfora do “martelo", presente no subtítulo, quebrando velhos dogmas, representados pelos ídolos que no fundo são ocos, vazios.
Crespúsculo dos Ídolos, de Jarbas Jácome, trata-se de uma instalação e é constituída de um ambiente com cinco TVs ligadas em um canal de TV aberta, uma câmera e um microfone à frente delas. A partir do momento em que o visitante produz algum som próximo ao microfone a imagem das TVs se distorce, variando a coloração de acordo com a intensidade e o tempo de duração do som produzido pelo visitante. As distorções evoluem seguindo algumas cores do crepúsculo: amarelo, laranja, vermelho, azul. Após passar pela cor azul, a imagem do canal desaparece e em seu lugar aparece a imagem do visitante com um efeito de brilho que também varia de acordo com a intensidade de sua voz. Enquanto o visitante produzir som, sua imagem permanece na TV. Quando houver silêncio as TVs voltam, aos poucos, a exibir a imagem do canal, como antes.
A instalação Crepúsculo dos Ídolos, de Jarbas Jácome, tem a intenção de proporcionar ao visitante uma experiência sensorial, nela deixamos de ser consumidores passivos e passamos a interagir com a obra. Somente a partir da interação é que a obra se materializa.
A obra nos faz pensar sobre nossa própria condição humana. Se por um lado a obra nos oferta a possibilidade de pensarmos sobre a nossa passividade frente às mídias e ao mundo e em quanto as mudanças dependem de nossa real atuação no mundo; por outro nos deixa também expostos à nossa própria imagem como protagonistas, centro do “universo”, pela forma exibicionista e egoísta com penetramos na tela, curtindo nosso momento de “celebridade” na telinha da TV, visualidade que se dá através de nossa voz. A arte e a vida se imbricando, literatura e arte, som e imagem, “integração estética entre o low e high tech e a ciência de ponta e a ciência de garagem”, tecnofagia.

Referências:

Vídeo no youtube

Blog da instalação:

Fotos da instalção:

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