“Qualidade,
luz, cor, profundidade
Que estão só diante de nós,
Aí só
estão por que despertam eco em nosso corpo,
Por que
este lhes dá acolhida.”
Maurice Merleau-Ponty
Ao refletir sobre a
cultura visual contemporânea, impossível escolher outro vídeo que não fosse o da
apresentação do Roger Waters com participação especial de David Gilmour para
comentar. Cresci ouvindo Pink Floyd. Acredito que muito de minha bagagem
estético-musical tenha sido forjada por influência de bandas que faziam o que se chamava na época de “rock progressivo”.
Aliar música a elementos
visuais e tecnológicos não é novidade para Roger Water, cérebro da banda, que
sempre teve uma postura de vanguarda. Sua criatividade e inventividade vai
desde pendurar porcos infláveis gigantes em fábricas desativadas, para o
lançamento do álbum “Animals” até o a idealização-produção de filmes que se
tornaram lendas da contra-cultura como o “The Wall”. Interessante perceber que Roger Waters, ao
contrário de boa parte dos músicos de sua geração, não para de ousar e a cada show
que promove é sempre uma explosão de som, luz e tecnologia.
A sua mais recente
turnê, que passou por Porto Alegre em março desse ano, contou com um público
bastante expressivo de todas as faixas etárias, é um exemplo do uso das imagens
no contexto das estéticas tecnologicas para produção de efeitos deslumbrantes
“capazes de acionar a rede de percepções sensíveis do receptor, regenerando e
tornando mais sutil seu poder de apreensão das qualidades daquilo que se
aprensenta aos sentidos”¹.
Roger Waters utiliza a
linguagem artística, sonora e visual, de um modo muito singular, articulando e
mobilizando todos os sentidos de seus expectadores, sem deixar de lado sua
capacidade de dizer o que pensa, de forma poética, que nos leva a refletir
sobre nosso lugar no mundo. Realidade e ficção misturam-se, barreiras (muros)
se estilhaçam, um mundo cinza se torna multicolorido e fragmentado. O poder da
linguagem artística, simbólica, manipulada, enriquecida pelas diferentes
mídias, espandida através de uma outra dimensão, e re-significada pelas mãos do
artista, metáfora, talvez de um mundo em ebulição permanente, sem fronteiras,
sem respostas prontas...
Referências:
¹SANTAELLA, Lucia. As imagens no contexto das estéticas
tecnológicas.
Acesso
em 05/09/2012.
Vídeo
Roger Waters and David Gilmour: Comfortably Numb. Live. 02 Arena 2011.
Acesso
em 05/09/2012.
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