Caixa de Pandora

sábado, 8 de setembro de 2012

Estéticas tecnológicas






“Qualidade, luz, cor, profundidade
Que estão só diante de nós,
Aí só estão por que despertam eco em nosso corpo,
Por que este lhes dá acolhida.”
Maurice Merleau-Ponty

Ao refletir sobre a cultura visual contemporânea, impossível escolher outro vídeo que não fosse o da apresentação do Roger Waters com participação especial de David Gilmour para comentar. Cresci ouvindo Pink Floyd. Acredito que muito de minha bagagem estético-musical tenha sido forjada por influência de bandas que faziam  o que se chamava na época de “rock progressivo”. 
Aliar música a elementos visuais e tecnológicos não é novidade para Roger Water, cérebro da banda, que sempre teve uma postura de vanguarda. Sua criatividade e inventividade vai desde pendurar porcos infláveis gigantes em fábricas desativadas, para o lançamento do álbum “Animals” até o a idealização-produção de filmes que se tornaram lendas da contra-cultura como o “The Wall”.  Interessante perceber que Roger Waters, ao contrário de boa parte dos músicos de sua geração, não para de ousar e a cada show que promove é sempre uma explosão de som, luz e tecnologia.
A sua mais recente turnê, que passou por Porto Alegre em março desse ano, contou com um público bastante expressivo de todas as faixas etárias, é um exemplo do uso das imagens no contexto das estéticas tecnologicas para produção de efeitos deslumbrantes “capazes de acionar a rede de percepções sensíveis do receptor, regenerando e tornando mais sutil seu poder de apreensão das qualidades daquilo que se aprensenta aos sentidos”¹.
Roger Waters utiliza a linguagem artística, sonora e visual, de um modo muito singular, articulando e mobilizando todos os sentidos de seus expectadores, sem deixar de lado sua capacidade de dizer o que pensa, de forma poética, que nos leva a refletir sobre nosso lugar no mundo. Realidade e ficção misturam-se, barreiras (muros) se estilhaçam, um mundo cinza se torna multicolorido e fragmentado. O poder da linguagem artística, simbólica, manipulada, enriquecida pelas diferentes mídias, espandida através de uma outra dimensão, e re-significada pelas mãos do artista, metáfora, talvez de um mundo em ebulição permanente, sem fronteiras, sem respostas prontas...


Referências:
¹SANTAELLA, Lucia. As imagens no contexto das estéticas tecnológicas.
Acesso em 05/09/2012.
Vídeo Roger Waters and David Gilmour: Comfortably Numb. Live. 02 Arena 2011.
Acesso em 05/09/2012.

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