Caixa de Pandora

domingo, 15 de novembro de 2009

Professor Pesquisador Curador na Bienal do Mercosul

Touch (tocar, toque, tato), 2002
Janine Antoni (Bahamas, 1964)



Penso que o professor-pesquisador-curador deve, antes de tudo, ser um grande motivador cultural. Uma pessoa que goste de gente, de troca, de aprender, de ensinar, de arte, do planeta, das relações intra e interpessoais, da partilha de saberes e de sentimentos, da descoberta, das revelações que nos surpreendem a cada instante, da vida...Um ser humano que vive e convive em sintonia com o seu tempo, sem perder de foco com as questões desse tempo, da evolução, das transformações históricas, sociais, culturais, éticas e estéticas...Relacionando o hoje, com o ontem e o amanhã. Ajudando a construir as pontes necessárias para que as obras possam ser geradoras de sentidos que levem não apenas ao aprendizado, mas a apreciação e a produção de arte.



O que revelemos ou escondemos com nossas escolhas, com nosso recorte de determinadas obras, artistas, textos, objetos, ideias? Revelamos o que somos, gostamos, pensamos ou aquilo que nos amedronta? Essas são perguntas que ainda não consigo responder... Porém, penso que essas escolhas, de certa forma, vão deixando pistas pelo caminho, marcas daquilo que pensamos, daquilo que somos... Como serão lidas essas marcas é outra questão. Fazendo uma analogia, comparo essa sensação de revelação, ou não, com dois termos muito comuns na área da literatura: “pressuposto” e “implícito”. Embora parece, não são a mesma coisa. Um é uma hipótese, uma conjectura, uma suposição, não há nada que comprove que aquilo que pensamos, lemos, vemos, ouvimos “é” de fato. O outro está ali, escondido, mas deixando pistas, marcas de sua presença indelével, mesmo que não seja visível, que não esteja expresso claramente, está ali, subentendido.



Ser professor-pesquisador-curador, para mim, é um pouco isso, mostrar e esconder o que pensamos, o que desejamos, o que nos move, o que nos amedronta... De que forma? Através da linguagem... da linguagem visual, tátil, sonora, olfativa, verbal... Em um processo de comunicação...de relação do “eu” com o “outro”, com o mundo... Nas sábias palavras de Augusto Boal, no texto Stop: cest magiquet, de 1980, disponível nas Fichas Práticas da 7ª Bienal do Mercosul – Grito e Escuta: “Ensinando-se, aprende-se. A pedagogia é transitiva. Ou não é pedagogia!”






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