"Google Safari powered by Google"
" Fake Action Truth"
"Atrás da porta"
"Atrás da porta"
“Global Safari powered by Google™”, 2009, Vídeo (12’ 19’’),Wellington Cançado & Renata Márquez, Brasil
“Fake Action Truth” , 2009, Vídeo (5’50”), Ruan Huang, China
“Atrás da Porta: uma topologia dos espaços inacessíveis”, 2009, Instalação, Fernando Pião, Brasil
A primeira obra escolhida é um vídeo que faz um tour virtual por algumas regiões do globo terrestre, numa aproximação de 10 em 10 vezes de distanciamento vertical, através do programa Google Earth. Nesse espaço capturado através do satélite podemos ver as cidades de Chicago, Belo Horizonte, Dubai, Cidade do México, Istambul, Pequim, Paris, Moscou, Londres e Tóquio. Há uma variação de qualidade de imagens, devido ao distanciamento do satélite de alguns pontos acessados. Em algumas cidades, quando a imagem é muito próxima chegamos ao que é chamado de espaço miopia.
A segunda obra escolhida, também um vídeo, mostra dois homens, com vestimentas estereotipadas, numa luta em que a violência é simulada. Imagem e som se contradizem e colocam a ação em suspensão temporária. A ação se encaminha para um desfecho trágico e a expectativa é quebrada com a união dos seres envolvidos, numa revelação de proximidade, afeto, carinho. Mentira, ação, verdade. O cenário é mínimo, quase teatral. A câmera que acompanha a ação tem momentos de black-out, talvez intencional, pois esse recurso é muito usado no cinema e no teatro para criar um efeito de corte, interrupção, passagem de tempo...
A última obra escolhida, não menos importante, é uma instalação, em que várias câmeras de vigilância foram instaladas em lugares inacessíveis do prédio, literalmente, por trás das portas. Vãos de elevadores, tapumes, forros, sistema de ar condicionado, fiação elétrica, dutos de ventilação. Lugares que não são vistos pelo público, lugares escuros, sem movimento aparente, onde o tempo parece não passar. São os bastidores da ação. Tudo acontece do lado de fora. O espaço interno está lá, mas ninguém vê. Ninguém se dá conta de que ele existe e faz funcionar o lado de fora. Paradoxal.
Penso nas três obras selecionadas como sendo parte de uma grande rede, fragmentada, em que as imagens se completam e se excluem ao mesmo tempo. Os lugares que não costumamos olhar, que ficam a espreita, nos vigiando, atrás da porta. Espaços interditados. O que está à sombra, escondido? Paisagens incomuns, estranhas, desconhecidas se mesclam a lugares comuns. O longe parece perto, o perto parece longe. Falo de distâncias físicas, sociais, psicológicas, políticas, econômicas... Falo da miopia social que, por absurdo que possa parecer, é cada vez maior. Falo dos preconceitos e da falta de respeito pelo que é diferente ou desconhecido. O mundo, dividido, fragmentado, em pixels, em países, em idiomas, em religiões, em etnias, em tensão constante. Tudo está acessível aos olhos, mas o que vemos nem sempre é o real, fake action truth. Nossa visão se altera, depende de lentes mais potentes para que possamos enxergar o macro e o micro. O que pensamos que vemos é simulação. Fantasia e realidade se misturam. Som e imagem se contradizem e ao mesmo tempo se completam. Paradoxo completo. As ações se encaminham para um desfecho trágico e um rompimento da ação nos leva a outro tempo/lugar. “Nenhum olhar é neutro, muito menos o olhar dos satélites, de miopias politicamente reguláveis”. Afeto, carinho, verdade, mentira, ficção, fantasia, preconceito, diferença, respeito, direitos, oriente, ocidente, dominação, submissão, controle, vigilância... O que é real? O que é simulação? Somos todos míopes?
“Fake Action Truth” , 2009, Vídeo (5’50”), Ruan Huang, China
“Atrás da Porta: uma topologia dos espaços inacessíveis”, 2009, Instalação, Fernando Pião, Brasil
A primeira obra escolhida é um vídeo que faz um tour virtual por algumas regiões do globo terrestre, numa aproximação de 10 em 10 vezes de distanciamento vertical, através do programa Google Earth. Nesse espaço capturado através do satélite podemos ver as cidades de Chicago, Belo Horizonte, Dubai, Cidade do México, Istambul, Pequim, Paris, Moscou, Londres e Tóquio. Há uma variação de qualidade de imagens, devido ao distanciamento do satélite de alguns pontos acessados. Em algumas cidades, quando a imagem é muito próxima chegamos ao que é chamado de espaço miopia.
A segunda obra escolhida, também um vídeo, mostra dois homens, com vestimentas estereotipadas, numa luta em que a violência é simulada. Imagem e som se contradizem e colocam a ação em suspensão temporária. A ação se encaminha para um desfecho trágico e a expectativa é quebrada com a união dos seres envolvidos, numa revelação de proximidade, afeto, carinho. Mentira, ação, verdade. O cenário é mínimo, quase teatral. A câmera que acompanha a ação tem momentos de black-out, talvez intencional, pois esse recurso é muito usado no cinema e no teatro para criar um efeito de corte, interrupção, passagem de tempo...
A última obra escolhida, não menos importante, é uma instalação, em que várias câmeras de vigilância foram instaladas em lugares inacessíveis do prédio, literalmente, por trás das portas. Vãos de elevadores, tapumes, forros, sistema de ar condicionado, fiação elétrica, dutos de ventilação. Lugares que não são vistos pelo público, lugares escuros, sem movimento aparente, onde o tempo parece não passar. São os bastidores da ação. Tudo acontece do lado de fora. O espaço interno está lá, mas ninguém vê. Ninguém se dá conta de que ele existe e faz funcionar o lado de fora. Paradoxal.
Penso nas três obras selecionadas como sendo parte de uma grande rede, fragmentada, em que as imagens se completam e se excluem ao mesmo tempo. Os lugares que não costumamos olhar, que ficam a espreita, nos vigiando, atrás da porta. Espaços interditados. O que está à sombra, escondido? Paisagens incomuns, estranhas, desconhecidas se mesclam a lugares comuns. O longe parece perto, o perto parece longe. Falo de distâncias físicas, sociais, psicológicas, políticas, econômicas... Falo da miopia social que, por absurdo que possa parecer, é cada vez maior. Falo dos preconceitos e da falta de respeito pelo que é diferente ou desconhecido. O mundo, dividido, fragmentado, em pixels, em países, em idiomas, em religiões, em etnias, em tensão constante. Tudo está acessível aos olhos, mas o que vemos nem sempre é o real, fake action truth. Nossa visão se altera, depende de lentes mais potentes para que possamos enxergar o macro e o micro. O que pensamos que vemos é simulação. Fantasia e realidade se misturam. Som e imagem se contradizem e ao mesmo tempo se completam. Paradoxo completo. As ações se encaminham para um desfecho trágico e um rompimento da ação nos leva a outro tempo/lugar. “Nenhum olhar é neutro, muito menos o olhar dos satélites, de miopias politicamente reguláveis”. Afeto, carinho, verdade, mentira, ficção, fantasia, preconceito, diferença, respeito, direitos, oriente, ocidente, dominação, submissão, controle, vigilância... O que é real? O que é simulação? Somos todos míopes?
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