Caixa de Pandora

sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Beleza e Arte na Grécia







Mesmo parecendo difícil realizar uma comparação entre a Arte Egípcia e a Arte Grega, devemos fazer algumas considerações a título de esclarecimento antes de começar. Primeiramente, devemos lembrar que as obras que sobreviveram ao tempo e chegaram até hoje para que pudéssemos apreciar não são muitas e encontram-se bastante distantes de nossos olhos. Nossa análise é feita através de registros fotográficos, de vídeos e de documentos escritos por terceiros que tiveram o prazer de ver tais obras in loco, o que por si só já nos distancia do real valor e da grandiosidade da arte. Em segundo lugar, devemos pensar que, o que chegou até nós para fazermos essa observação, são muitas vezes cópias ou restaurações que já não guardam as mesmas cores ou materiais originais da época de sua produção. Feito esse esclarecimento, vamos à análise.


Podemos dizer que a Arte Egípcia foi uma arte voltada para a espiritualidade. Os egípcios acreditavam na vida além-túmulo e toda a sua arte estava impregnada desse conceito: túmulos, sarcófagos, murais e templos eram ricamente decorados com imagens que glorificavam seus mortos reais e os deuses em quem acreditavam. A idéia era perpetuar em imagem a vida rica e opulenta que os mortos tiveram em vida. Tudo era ricamente decorado e orientado para que o morto ao “despertar” na vida eterna reencontrasse seus pertences para continuar a usufruir na “outra vida”. Com base nisso, algumas vezes, até escravos eram enterrados vivos para servi-los na eternidade. Não bastava explorar os infelizes em vida. Nós admiramos essa cultura até os dias de hoje, sem levar em consideração as questões sociais envolvidas na sua base de sustentação e em que condições o restante da população egípcia vivia e morria.


A Arte Grega, ao contrário da Egípcia, não estava muito preocupada com o “amanhã”, com a vida após a morte, mas sim com o momento. A Arte Grega não tinha essa função religiosa da Arte Egípcia, mas, uma função estética. Preocupavam-se com o bem estar do ser humano e com os prazeres que a vida lhe podia oferecer. Os Gregos valorizavam a inteligência e a beleza. Mesmo cultuando seus mitos, eles tinham um “quê” de humanidade. Eram retratados com defeitos e sentimentos humanos, e da mesma forma que “interferiam” na vida humana, sofriam com esse relacionamento humano. Podemos observar essa relação tumultuada principalmente em dois livros: a Ilíada e a Odisséia de Homero. Nessas obras há toda uma riqueza de detalhes da mitologia grega e da relação que mantinham com os seres humanos. A partir dessas obras de Homero que são cânones da literatura ocidental, muitos filmes foram realizados, entre eles, Ulisses e Tróia, sugeridos pelas professoras para que apreciássemos.

A busca do equilíbrio entre inteligência e natureza era constante. Creio que a Arte Grega mudou o foco do espírito para o humano. A preocupação era gozar a vida e mostravam isso ao mundo através de suas obras. O que sobrou dos templos, anfiteatros, esculturas e a pouca pintura demonstram isso. Ernest Gombrich, na História da Arte, alerta para o fato de que a maioria das esculturas, que vemos hoje como sendo gregas, não passam de cópias romanas em mármore. E que, as originais, muito provavelmente teriam sido feitas em bronze e derretidas numa época de crise do metal na idade média. Que lamentável saber disso! Sempre achei que aquelas esculturas em mármore branquinho eram originais. É muito estranho imaginar esculturas gregas em madeira ou metal e com pedras preciosas coloridas.


Podemos dizer que a Arte Grega, ao menos no que concerne às primeiras peças de escultura, feitas em argila, marfim ou cera, teve como inspiração a Arte Egípcia, ao representar as pequenas figuras humanas. A escultura somente abandona esse padrão nos séculos V e IV a.C., no período Clássico, em que a partir dos estudos da proporção, a figura humana passou a ser trabalhada de forma mais fiel à anatomia humana, com ganhos em expressividade e realismo.
Na arquitetura, não como não falar dos templos. Edificações monumentais que serviam de “acomodação principal do palácio dos governantes” gregos. As colunas e o telhado em forma de duas águas são facilmente reconhecíveis. Feitos em madeira no início passaram a ser produzidos em pedra. Fileiras adicionais foram sendo acrescentadas e os templos foram ficando mais grandiosos e monumentais e alguns resistem até hoje, mesmo que em parte, para contar a sua história.


Ouso dizer que a maior contribuição Grega para a Humanidade não foi no campo da sua arte esplendorosa, mas no campo das idéias: a democracia. Filósofos como Aristóteles, Platão, Sócrates foram os grandes teorizadores e os oradores Péricles e Demóstenes propiciaram grandes debates políticos e contribuíram para a formação de um pensamento e uma organização social que diferia de tudo que existia até então. O indivíduo passou a ser o mais importante, o homem passou a ser “a medida de todas as coisas”. A liberdade e independência das cidades-estado (polis) davam aos gregos a possibilidade de se interessar pela administração da “coisa pública”. Aprendemos muito com os gregos. Ou deveríamos ter aprendido.

Bibliografia:
http://moodle.regesd.tche.br/file.php/137/Modulo_03/unid3/1/start.html
http://moodle.regesd.tche.br/file.php/137/Modulo_04/unid4/1/start.html
http://www.arteeeducacao.net/historia/grega/texto.htm
http://www.historiadaarte.com.br/artegrega.html
http://www.mitosedeuses.hpg.ig.com.br/viagens/9/index_int_2.html
http://educaterra.terra.com.br/voltaire/politica/democracia.htm

2 comentários:

  1. Que loucura este blog!
    É pura arte!
    Parabénsssssssssssssssssssss!
    Bete Pet.

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  2. Obrigada Bete!
    Seria muito bom se a profª de Fundamentos da Arte pensasse assim...
    Valeu pelo incentivo colega,
    Beijos, Sônia Maris

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