Caixa de Pandora

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

O conhecimento na filosofia moderna

Descartes - Hume - Kant





Podemos dizer que a questão do conhecimento é o desafio central da filosofia moderna. Com a evolução nas ciências, as mudanças históricas, sociais, políticas, econômicas e culturais, o crescente individualismo e a quebra de velhos paradigmas a principal pergunta sobre a qual a filosofia se debruça passa a ser “quais são as condições de possibilidade do ser humano conhecer?”. Tentando responder a esse questionamento muitas teorias ou escolas filosóficas foram sendo construídas. Três delas serão fruto desse resumo: o Racionalismo, o Empirismo e o Idealismo Transcendental.


A primeira delas, o Racionalismo, ao tentar responder a questão conhecimento, defende que o conhecimento tem sua origem na razão, que por sua vez tem princípios e idéias independentes da experiência. Podemos dizer que René Descartes, cujo nome latino é Cartesius, foi o principal representante dessa corrente e é considerado o pai da filosofia moderna. Ele dizia que ao utilizássemos o método certo, só através da razão seria possível chegar à verdade. Seu método era o da dúvida metódica, que consistia em por em dúvida tudo que havia aprendido até então. Seu método é conhecido por método cartesiano. É de Descartes a famosa frase: “Penso, logo existo”. Ele inaugura uma nova forma de pensar e entender o mundo a partir da aproximação entre a filosofia e a ciência.



A segunda escola é o Empirismo, escola filosófica que se opõe ao racionalismo, e que defende que “todas as idéias têm origem na experiência sensível” e é a partir dessa experiência que o intelecto por abstração produz as idéias. John Locke é considerado um dos principais combatentes do Racionalismo e é considerado também “o pai do empirismo na Teoria do Conhecimento” combateu os ideais cartesianos e dizia que “não há nada em nossa mente que não tenha passado antes pelos sentidos”. Nessa sentido, o ser humano seria uma tábula rasa, uma folha em branco, em que através das sensações vindas do mundo exterior, somadas ao potencial da razão, produziriam a reflexão. David Hume vai adiante e diz que a “as relações são exteriores aos seus termos”, que “temos apenas percepções ou a idéia do que fazemos da realidade”, em outras palavras, o conhecimento começaria com as percepções que temos da nossa experiência sensível, através das associações dessas percepções oriundas da experiência vivida.



A última escola filosófica é o Idealismo Transcendental, na qual temos Emmanuel Kant como seu principal representante. Kant tenta solucionar a dicotomia entre as duas escolas anteriores, o ceticismo empírico e o racionalismo. Kant busca a análise da própria razão a partir do “ideal iluminista da razão autônoma capaz de construir conhecimento”. Kant conclui que são duas as fontes do conhecimento: a sensibilidade e o entendimento, e não um deles separadamente como as escolas anteriores defendiam. Para Kant, não podemos conhecer a coisa em si, apenas conhecemos o fenômeno. “O conhecimento, portanto, é o resultado de uma síntese entre o sujeito que conhece e o objeto conhecido”.



O filme “O óleo de Lorenzo” nos traz a história de um menino, que sofre de uma doença rara, ALD, que causa degeneração cerebral e que leva o paciente à morte em pouquíssimos meses. Os pais, numa atitude desesperada, buscam respostas para compreender a doença e buscar uma possibilidade de cura. A busca dos pais entra em choque com o que o conhecimento científico da época apregoa: “incurável”. Os pais, não aceitam esse diagnóstico e, movidos por uma causa mais do que justa, passam então a utilizar métodos científicos de pesquisa, somados a uma motivação genuína, muita curiosidade e intuição. Lutam contra o saber instituído da ciência médica, contra o tempo, contra os pais de outras crianças portadoras da mesma doença que aceitam o diagnóstico “incurável” como verdade absoluta, contra a falta de profissionais dispostos a ajudá-los na sua busca. É uma batalha silenciosa entre o saber acadêmico e o saber “popular” (eu nem diria isso, diria o saber não acadêmico ou não reconhecido como válido). A luta dos pais de Lorenzo é autodidata. O conhecimento que eles vão acumulando sobre a doença não é aceito pelos médicos que deveriam estar pesquisando a doença. Os dados, obtidos na pesquisa informal dos pais, não são aceitos como científicos por falta de dados “quantitativos”. Nós, expectadores, somos arrebatados pela luta desses pais. Ficamos impressionados com a falta de humanidade da ciência.
Ouso arriscar que a ciência médica, representada no filme pelos médicos, mostra-se Racionalista, que despreza a intuição e afasta-se do humano, e os pais do menino seriam exemplos da junção entre o Racionalismo e o Empirismo, ou seja, do Idealismo Transcendental, na medida em que eles não descartam o saber acadêmico, muito pelo contrário, se utilizam dele, como base de suas pesquisas somados à experiência sensível na observação do filho doente. Penso que, ao estudarmos o conhecimento e a forma como ele se manifesta, as diferentes escolas filosóficas que se debruçam sobre o conhecimento ao longo da história, compreendemos melhor a nossa constituição e a maneira como nós, seres humanos, nos tornamos o que somos. Penso também que a análise do filme em relação às leituras também contribuiu na medida em que questionou as idéias dominantes da ciência médica e os saberes constituídos e mostrou-nos um caminho alternativo que indaga, que aponta uma verdadeira atitude filosófica diante da vida que nos leva a questionarmos o como conhecemos, o que conhecemos e para que conhecemos.


Fontes de consulta:
http://moodle.regesd.tche.br/file.php/135/Texto_2.pdf
http://moodle.regesd.tche.br/file.php/135/Texto_1.pdf
http://www.cfh.ufsc.br/~wfil/convite.pdf
http://www.scribd.com/doc/5447380/Maria-Lucia-Aranha-Filosofando-introdu-o-FilosofiaDanielhmoroFilewarez-tv

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