Caixa de Pandora

terça-feira, 10 de maio de 2011

Arte na Escola - Oswaldo Goeldi



"Por vezes à noite há um rosto

Que nos olha do fundo de um espelho

E a arte deve ser como esse espelho

Que nos mostra o nosso próprio rosto"

Jorge Luis Borges


O material escolhido para análise crítica faz parte do acervo do Arte na Escola, Espelho no Espelho - Oswaldo Goeldi¹, e foi concebido para atender a diferentes níveis de ensino, conteúdos e currículos, servindo de subsídio para que o professor possa exercer sua função de professor-curador-pesquisador, mais sugerindo, dialogando, propondo caminhos do que dando uma receita pronta.

O material em questão está disponível no site do Arte na Escola, que pode ser acessado por qualquer pessoa, podendo ser utilizado online ou na versão em PDF, facilitando a impressão do mesmo para utilização em sala de aula.

O material traz como ponto de partida uma proposta de leitura da imagem que se estrutura em blocos, mas que não precisa estar engessada, que pode ser alterada, de acordo com a disposição do professor e dos estudantes.

Tal proposta está dividida de forma bastante interessante, começando pela percepção das obras, O seu olho, o que vê? O seu olho, o que percebe, pela apreciação por parte do estudante da obra em estudo em diálogo com o professor que vai propondo relações entre o que a obra mostra e o que o estudante compreende: a cor, os materiais, a técnica, a texturas, a intenção do artista, o contexto social e cultural de produção e de leitura da obra. Junto a essa leitura da imagem temos a aquisição de novos conceitos, através de um sugestivo glossário, Chave de Palavras, de fácil acesso e bastante claro em suas definições. Nessa proposta, através da seleção de imagens sugeridas e da apropriação de conceitos, percebemos a adequação tanto temática quanto formal ao desenvolvimento do pensamento estético dos estudantes.

De olho no artista, no Brasil e no mundo, traz outras duas obras, fotografias, que buscam um diálogo pelos opostos – subjetividade/alteridade, indivíduo-coletivo, eu-outro, dentro-fora; num espelhamento contrário. No bloco o olho que conta histórias, surge uma proposta da narrativa, do ouvir e do falar, do pensar, do sentir. A partir das imagens e de algumas frases que tem a ver com a proposta, os estudantes são solicitados a refletir e escrever sobre essa experiência. É o espaço em que os estudantes expõem seu pensamento estético e sua interpretação da imagem, relacionando-a com o seu mundo, a sua vida. Isso está de acordo com o que Rossi nos diz: “Para introduzir a discussão estética na sala de aula, é necessário ouvir o aluno. Quando fizemos isso, podemos ficar surpresos com suas leituras, mas não corremos o risco de atropelar a sua leitura.”²

Em O olho que pensa, a mão que faz, o corpo que inventa, os estudantes são estimulados a produzirem suas próprias matrizes de gravuras, monotipias, e em duas versões “noturno” e “diurno”. Além da produção de gravuras, dentro da temática, uma proposta de interatividade física, corporal, se faz presente através da dança e da música. No Provocando olhares busca-se a partir das obras apreciadas/estudadas com outras que dialoguem com estas, através da Linha do Tempo/Linha das Obras.

NO olhar que dialoga podemos trabalhar com a interdisciplinaridade, tão falada nas escolas e tão pouco vivenciada por todos. Muitas sugestões que vão da música, dança, sociologia, psicologia, educação física são colocadas e acredito que muitas outras podem surgir. A obra fotográfica que serviu de base para a leitura de imagens pode ser conferida através do site do Museu, que se insere no bloco De Olho no Museu, em que temos o link para acesso e algumas informações sobre o museu, podendo assim, o estudante, expandir seus conhecimentos e navegar por outras obras do acervo. No bloco final, O olho que refaz o percurso, a proposta é refletir sobre o que de significativo se aprendeu, num rememorar os passos dados e os percursos escolhidos. Finalizando, O Olhar que descobre, o material disponibilizado pelo site Arte na escola, temos uma bibliografia que abre espaços para o olhar, sobre os artistas, sobre os espaços, sobre a arte.

Levando em consideração o que lemos, estudamos e discutimos, dentro e fora da universidade, podemos afirmar que a proposta de leitura de imagem oferecida pelo Arte na Escola, especificamente o material analisado, Espelho no Espelho - Oswaldo Goeldi¹, pode ser considerado uma proposta muito boa com relação ao crescimento das ideias estéticas dos estudantes, pois de uma forma muito didática, privilegia a construção do conhecimento em arte, valorizando tanto a produção artística quanto a cultura e a história, num constante pensar, fazer, contextualizar, que tece um diálogo entre as partes envolvidas no processo, professor-estudante, de forma muito clara e objetiva, através da leitura de imagens, propiciando ao “(...) educador conduzir um diálogo entre os educandos a partir da observação de uma imagem, explorando seus aspectos técnicos, formais e contextuais, promovendo a compreensão dos elementos formais e expressivos da imagem, que estimulam a atribuição de significados à mesma.”³

Referências Bibliográficas:

³Aidar; Chiovatto. Ler Imagens. Arte +. Disponível em

http://moodle.regesd.tche.br/mod/resource/view.php?id=14411 Acesso em 08/05/2011.

¹ Goeldi, Oswaldo. Espelho no Espelho. ArteBr. Disponível em http://www.artenaescola.org.br/imagens/artebr/05_subj_alter.pdf

Acesso em 08/05/2011.

²ROSSI, Maria Helena Wagner. Discussão estética na escola. Disponível em http://moodle.regesd.tche.br/mod/resource/view.php?id=14583 Acesso em 09/05/2011.

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